Em ti, senti a mais divina fome espiritual que o ser humano pode sentir. Compreendi a saudade e a existência.

Encostas arborizadas, rugosos planaltos lembrando as mãos dos teus filhos que ali procuraram o pão, conhecedores perfeitos da existência humana, deuses de uma terra maternal que tem por vizinho o Céu, essa imensidão azul povoada de esperança e medo. Montanha Sagrada, Montanha de tanta Saudade, divina paisagem onde um dia me perdi numa confusão espiritual quando te vi envolta numa suave luz da manhã. Sol, aves, animais correndo entre o mato rasteiro, uma leve brisa agitava os verdes pinhais, terra de Primavera, misticismo profundo, cansaço de felicidade ao subir as tuas encostas, lá no alto, os meus olhos contemplaram o Éden. Desci até ele, lá estava o Côa, esse rio consagrado, as suas águas caminhavam preguiçosamente, correr para quê? No Éden não há pressa! Bebi, saciei a sede espiritual, beber espiritualmente das suas águas é ir além da vida e da morte. Que sentimento… Sentado na sua margem, perguntei-lhe: o que é a saudade? É a alma, respondeu-me.
Levantei-me, continuei o meu caminho, assisti ainda a um acto litúrgico, um aroma de giesta queimada saía de una chaminé de uma quinta, qual turíbulo incensando a Divindade, que não está em lugar nenhum, mas é tudo, ó saudade, saudade. Ainda te ouço latir meu velho «lobo» que me acompanhaste, comovo-me com o teu latir já morto, mas que o vento e a saudade ainda arrancam dos arcanos da morte, arcanos que tu conheceste primeiro, mas os dois percorremos o Paraíso num dia inesquecível.
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«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
Parabéns Sr. António Emídio por todos os brilhantes artigos que sempre escreve semana após semana dos quais sou leitor compulsivo desde o primeiro…O Sr. é um Homem de muita sabedoria conhecimento e retidão….. Força sempre. Obrigado e mais uma vez parabéns.
Senhor Vitor Coelho, Rui, estas terras estão-me na alma, e é com a alma que falo delas…
Parabéns Toninho pelo artigo brilhante que escreveste como resultado do teu sentir em passeio pela nossa terra. Como malcatanho que conhece e defende com unhas e dentes os nossos valores, as nossas terras e as nossas paisagens sinto-me profundamente unido ao teu sentir, às tuas palavras, ao teu texto que, mais que uma prosa, me parece um poema. Mais uma vez obrigado e parabéns.
:Lindo. Muito bem.