Um poema de Alcínio que aborda o sofrimento enquanto manifestação de dor e de paixão a que se junta por vezes o prazer, num ampla e inexplicável contradição.
Veneno que circula no sangue
Tortura que apoquenta sem tréguas
Fonte do desejo, do êxito , da ilusão
No desespero na ânsia do teu querer
Reside o impulso o elan para viver
Sem ti não haveria, nem alegria nem paixão
Por isso te dou guarida contrariando o sofrimento do coração
Indesejado e perseguido com obstinação
Mas porquê? Se és a alma que dás ao mundo a nossa visão
Sofrimento que dás equilíbrio à nossa razão
Fonte do sonho, da fantasia que gera toda a realização
Quero-te e odeio-te com a mesma paixão
És sofrimento e prazer na mesma contradição
Nem vida nem criação se não fosse a dor da inquietação
És todo o impulso da minha criação
Antídoto contra a tibiez da inacção
Impedirei a tua ligeireza que tolde a razão
E negue os impulsos do coração
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«Vivências a Cor», expressão de Alcínio Vicente
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