Em 1982, no n.º 7 do Jornal da Polícia Judiciária, com o título Recolhas de Calão do Crime (furto, roubo e burla), Mário Alves Proença apresenta os seguintes termos recolhidos nas cadeias também usados na Gíria Quadrazenha (G. Q.) ou na linguagem comum de Quadrazais.

Ancia – água.
Andantes – pés, pernas.
Arcos – anéis.
Arcosos – pulseiras.
Badalo – língua.
Badejo – bacalhau.
Baril – bom.
Belfo – cão.
Briol – vinho.
Guines – moeda antiga de pouco valor.
Justas – calças.
Justo – colete.
Laparato – falsificador de notas e cheques.
Largo – casaco, sobretudo.
Lima – camisa(lamosa na G. Q.).
Lôdo – ouro.
Mata Linda – cidade de Coimbra (Mata Líria na G.Q.)
Naifa – navalha.
As palavras de «A a O» vêm em números anteriores ao n.º 5, que não foram entregues à B.N., mas que eu consegui da própria P.J..
Em 1984, Luís Campos, em Bêabá da Malandragem apresenta os seguintes termos iguais aos da G. Q.:
Andantes – pés.
Badalo – língua.
Baril – fixe, porreiro.
Briol – tinto.
Calcantes – sapatos.
Chantra – prostituta.
Chóina – cama.
Chóinar – dormir.
Fugante – pistola.
Gâmbias – pernas.
Justas – calças.
Justo – colete.
Latim – a fala.
Lísbia – Lisboa.
Luzio – romper o dia.
Lúzios – olhos.
Maralha – malta.
Naifa – navalha, faca.
Paivante (paivo)- cigarro.
Penante – chapéu.
Pescar – topar, perceber do negócio.
Piar – falar.
Pildra – cama.
Tefe-tefe – medo.
Xonar – dormir (choinar).
Apresenta ainda palavras do calão comum, como: Afinfar, alapado, alhada, ameixa, banano, banzé, bicha(maricas), bófia, bué, calhoada, candonga, cardina, chispes, choldra, coirão, dolorosa, enconar, enfeitar, engrolar, fixe, galga, gandulo, Justas (calças), justo (colete), latim (fala), lostra, palheta, palmar, piar (falar), quinar, ter pó a e tintol.
Nesta obra apresenta ainda alguns termos técnicos de calão:
Arcos – anéis.
Cosque – casa.
Gadé – dinheiro.
Galrar – confessar.
Grilo – relógio de bolso.
Laparato – falsificador.
Lodo – ouro.
Vagarosa – prisão.
Xona – noite.
Em 1988, Eduardo Brazão Gonçalves em Dicionário do Falar Algarvio insere apenas três palavras iguais às da Gíria Quadrazenha, embora duas delas com sentido diferente:
Anaco – anão, de raça pequena.
Cardenho – roubo.
Maquinar-se – ir-se embora.
Mas apresenta muitas palavras também usadas em Quadrazais na linguagem normal, com deturpações semelhantes às aí feitas:
Balho, balharico, belancia, buida, bubedana, buer, cabrunco, cal (qual), carcalhada, cochino, delir, esbalroar, inté, mald’çoado, manqueira, mimória, munha, patareco, pelharanca, perum, rebatina (rebatinha), reposta, retolca e terrincar.
Em 1993, em separata à Revista da Escola Superior de Polícia, Paulo Jorge Valente Gomes apresenta o Calão do Mundo do Crime, por temas: ligado à droga, a objectos, a profissões, a acções e unidades monetárias.
1 – Ligado a drogas: nada igual ou semelhante à G. Q.
2 – Ligado a objectos:
Amarelo – ouro.
Andantes – pés.
Arcos – anéis.
Badalo – língua.
Briol – vinho, frio.
Calcantes – sapatos.
Cheta – dinheiro de pouco valor.
Cosque – casa.
Fugante – pistola.
Gadé – dinheiro.
Gomarra – galinha.
Grunho – porco.
Guines – moeda de pouco valor.
Justas – calças.
Justo – casaco, colete.
Largo – casaco, sobretudo.
Lodo – oiro.
Mata Linda – Coimbra.
Mimosa – camisa.
Naifa – navalha, faca.
Paivante – cigarro.
Penante – chapéu.
Penosa – galinha.
3 – Ligado a Profissões:
Chantra – prostituta.
Laparato – falsificador de notas, cheques.
4 – Ligado a acções:
Abafar – roubar.
Baril – porreiro.
Ébau – apoiado, isso mesmo.
5 – Ligado a unidades monetárias: nada igual ou semelhante à G. Q.
Em 2014, um grupo de autores, sob a coordenação de João Carlos Brito publicou o livro Lugares e Palavras do Porto, onde aparecem muitos termos e expressões de calão mais ou menos comum e, portanto, também usado em Quadrazais. Da Gíria Quadrazenha apenas usam as seguintes palavras:
Baril – muito bom.
Calcantes – sapatos, pés.
Chonar ou Xonar – dormir.
Fogante – arma de fogo.
Gâmbias – pernas.
Maralha – muita gente, confusão.
Naifa – faca.
Naifada – facada.
Penantes(a) – pé(a).
Leave a Reply