Nunca um Presidente da República foi tão tendencioso, tão pouco democrático e tão pouco de todos os portugueses em 40 anos de democracia em Portugal.

Na comunicação que fez ao país na noite de ontem, bastava-lhe anunciar que indigitava Passos Coelho como primeiro-ministro, com o argumento de que a coligação que este encabeçava tinha ganho as eleições. Mas não. Mais uma vez, preferiu mostrar toda a sua tendência política, demonstrando ódio aos partidos de que ele não gosta, procurando argumentar com uma série de falácias e contradições.
Vejamos. Vai dar posse a um governo minoritário, quando andou apregoar que jamais o faria. Que era a favor, convictamente, da estabilidade. Quando sabe que o que acaba de fazer é, precisamente o contrário. Contudo, não se limitou a isto. Apelou à dissidência de deputados do PS, numa atitude vergonhosa. Quis pressionar os deputados, esvaziando a instituição Assembleia da República, afirmando que eram os deputados a decidir «em consciência» a aprovação do programa de governo quando, sabemo-lo bem, é nestes casos que a disciplina de voto se impõe.
Deixou claro que, não é a vontade popular expressa em votos que conta para Cavaco. Pois teve a distinta lata de afirmar que o possível entendimento do PS com os partidos à sua esquerda era «uma alternativa claramente inconsistente», mostrando, até, uma certa fúria, porque o PS não se entendeu com a coligação. Depois foi desfiando um rol de suspeitas sobre esses mesmos partidos, falando mais da Europa (dessa Europa que tem arrastado a Europa para um buraco que nada tem a ver com a União que se propôs unir a Europa, essa mesma que está prestes a castigar Portugal por não ter enviado para Bruxelas um esboço do Orçamento, não respeitando os processos democráticos dos países que dela fazem parte), dos tratados (como se estes fossem imutáveis e perenes), da NATO, da União Bancária e de Pactos de Estabilidade e Crescimento. Ou seja, um ataque cerrado ao BE e ao PC. Como se (ou como Cavaco gostaria!) houvesse um pensamento único e este seria o… do sr. Cavaco e do seu PSD. Esquecendo que, Paulo Portas era, há bem pouco tempo, um eurocéptico.
Em resumo, Cavaco portou-se como… Cavaco. Ali não estava o Presidente da República. Mas somente o militante político. Durante todo o seu mandato (de má memória), comportou-se sempre dessa forma. Só que, até aqui, de uma forma velada, Agora, demonstrou-o à saciedade.
Quando perdeu as eleições para António Guterres, António Barreto, nessa noite das eleições, disse que era a vassourada. Pois era. Mas o lixo teima em juntar-se.
Cavaco não se portou como árbitro. E deveria. Mas, enfim, foi mais uma cavacada.
O que me volta assaltar a questão, nunca mais este tipo desaparece da cena política? É que, para quem tem a mania de dizer que não é político, já lá vão trinta anos deste gaijo! E já não há pachorra.
As cenas dos próximos capítulos são já conhecidas. O governo não verá o seu programa aprovado. Este apresentará uma moção de confiança à Assembleia da República que será chumbada. O governo não tem condições para governar. Cavaco não se virará para a alternativa da maioria parlamentar e, vai manter, a todo o custo, este governo em gestão até ele se ir embora e o próximo Presidente da República poder marcar eleições. Para Cavaco e os seus fantasmas (leia-se União Europeia, mercados e afins) é esta a matriz da… estabilidade.
Não se pode mandar este tipo e outros (da esquerda à direita) para Marte?!
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«A Quinta Quina», opinião de Fernando Lopes
Fernando :
Por maior que seja o posto que ocupemos, há que demonstrar que é maior a pessoa que o ocupa. Não vi isso ontem à noite, ontem à noite só vi intolerância e desprezo por parte de um Presidente da República que se diz de todos os portugueses…
António Emídio
Totalmente de acordo, este homem só tem feito mal, muito mal ao povo que o elegeu