Chegou-nos, pela mão de Pinharanda Gomes, um artigo referente a Malcata publicado no semanário O Diabo, de 13 de Outubro de 2015, assinado por Vasco Callixto, escritor de turismo cultural, autor de vários livros que, apesar da idade avançada, continua a viajar de automóvel pelos lugares mais recônditos.
Em África, quando da minha última visita a Cabo Verde, há nove anos, foi-me grato encontrar um bonito busto de Camões num jardim do Mindelo, na ilha de S. Vicente. É um monumento digno, sobre um pedestal ornamentado com a Cruz de Cristo; na base uma pétrea capara de “Os Lusíadas”. Em Moçambique, não conheci a região a norte da cidade da Beira. Revelou-me agora a internet a existência de uma estátua de Camões na histórica ilha de Moçambique.
Passando à América do Sul, e começando pela Venezuela, citarei o busto de Camões em Caracas, na Avenida Luís de Camões, onde se situa o Centro Cultural Português. Quanto ao Brasil, destaca-se a estátua de Camões em São Paulo e o busto no Rio de Janeiro, fronteiro ao belíssimo edifício do Real Gabinete Português de Leitura. Mas também a cidade gaúcha de Pelotas me mostrou um busto de Camões e a internet revela haver outro na paulista Campinas.
Na Ásia, em Macau, Camões mantém-se na “sua” gruta, com um busto de 1886, ou talvez de 1840. E em Goa, em 1984, lamentei ter chegado um ano atrasado, pois a bela estátua de Camões que se erguia no amplo terreiro de Velha Goa, fora retirada daquele local no ano anterior e recolhera a um museu, fazendo companhia às restantes estátuas que tiveram a mesma sorte. Incompreensivelmente, Camões, que tinha “resistido” à invasão indiana, veio a ser vítima dela duas décadas depois.
Em Portugal, além dos já citados monumentos existentes em Lisboa e no Porto, tenho conhecimento de bustos em Coimbra (desde 1881), Viseu, Leiria, Constância e Peniche. E talvez outras cidades e vilas do nosso país tenham homenageado o poeta. Mas o que agora deveras me surpreendeu, foi encontrar um busto de Camões numa aldeia perdida entre montes e vales, na Serra da Malcata, na Beira Alta. Com eleito, na aldeia com o mesmo nome da serra em que se situa, um busto de Camões encima um pedestal em cuja placa se lê: “A Luís de Camões imortal poeta cantor da raça mandado erigir por José Manuel Corceiro e esposa Domingas F. Nozeti argentina em memória de seus pais, Manuel José Corceiro e Rosalina Gonçalves filhos desta terra e homenagem aos naturais e emigrantes de Malcata. 12-9-1965”. Há meio século, portanto, um português emigrado na Argentina escolheu Camões para homenagear seus pais, os seus conterrâneos e a sua terra natal. Belo exemplo de amor filial e de portuguesismo! Vale a pena ir à Serra da Malcata.»
Vasco Callixto
Meus caros José Carlos Mendes, Rui Chamusco e restantes (incluindo o primo Zé Pereira): já tinha sabido por meu pai deste post no Capeia Arraiana, mas como coincidiu com uma ausência minha do país – mais uma vez em actividades pedestres – só agora li com a devida atenção todos os vossos comentários. E, curiosamente … estando mais uma vez na Raia, em Vale de Espinho.
Muito agradeço as palavras elogiosas de todos, tanto a mim como a meu filho e a meu pai. Somos realmente três gerações de amantes da escrita, em áreas diferentes dos saberes e das paixões que a vida nos traz. E realmente o mundo é pequeno: tendo eu adoptado a raia como a “minha” terra, por casamento, são no mínimo curiosas as ligações que pelos vistos já existiam entre alguns de vós. Ao João Duarte conheci-o por intermédio do meu filho, através da paixão comum pela música … mas nunca imaginaria que tu – José Carlos Mendes – e o meu pai se conheciam da “velha” Amadora.
Por todas as razões e mais alguma … foi providencial a recente visita do meu pai a Vale de Espinho, aos Fóios, a Malcata. Com os seus 90 anos … veio ter connosco sozinho, a guiar desde a grande Lisboa; tal como para mim as botas e os bastões de caminhada …para ele o volante quase faz parte do corpo! E muita pena tenho que minha mãe, de certo modo também dada às letras através das poesias singelas que escrevia, não tenha voltado nos últimos anos às “minhas” terras raianas. Desde Fevereiro deste ano que descansa no mar eterno da saudade.
Caríssimo Zé Carlos! Nem imaginas a minha emoção quando de repente vejo este artigo do teu pai no ‘Capeia’. Digo só assim: andei de repente 30 e tal anos para trás, à velocidade de um sputnik!!!!! Foi bom depois saber que tu eras filho do grande viajante – e só podias ser… Olha: simplificando: um abraço para o pai e para o filho. Não digo nada sobre o neto, pois ainda não tenho o prazer. Mas terei, seguramente. Vale de Espinho tem sorte nesta adopção… Sempre em frente, OK?
Muito obrigado pelas tuas palavras, José Carlos Mendes. E … sempre em frente, claro!
Obrigado, Rui Manuel Fernandes Chamusco, pelo seu comentário, que só vi hoje.Tenho pena de não ter visitado a família Corceiro, quando fiz uma viagem na Argentina, em 1987.
Os meus cumprimentos. vc.
Sou malcatenho e como tal agradeço a referência do monumento a Camões existente em Malcata. No verão passado tivemos a visita da família Corceiro residente em Argentina e, numa noite de festa prestamos uma pequena homenagem a Camões e a esta família emigrante que ainda tem familiares em Malcata. Obrigado Sr. Vasco!…
Muito e Muito Obrigado, João Duarte, pelas suas referências a meu neto João Carlos. Também eu, como Avô, tenho muito orgulho no quanto o meu neto tem feito na sua especialidade e em muito mais. E já há dez anos, foi ele o prefaciador do meu livro “Uma Família de Serpa”, o historial da nossa Família. Muito desejo que a carreira dele na Rtp e na literatura prossiga com êxito. Com a idade dele, publiquei eu o meu primeiro livro
Cumprimentos e disponha sempre (vascallixto@gmail.com) vc.
O neto de Vasco Callixto é , também, um homem de talento. Trabalha na RTP e é um dos maiores especialistas portugueses em música, divulgador e colecionador. Chama-se João Carlos Callixto e é uma grande honra para mim ser seu amigo.
Sem dúvida, um verdadeiro patriota este José Manuel Corceiro , de quem os pais certamente ficariam orgulhosos com tão singela homenagem e de quem os conterrâneos e atè nós como raianos e sabugalenses mostramos o nosso eterno reconhecimento. um Bem Haja!
Obrigado, Silvestre Rito, pelo seu comentário. Realmente, uma boa lição de patriotismo e amor aos seus e à sua terra. E
Sinto-me muito orgulhoso de ter como primo o seu filho José Carlos Calisto casado com a minha prima “Lala” que eu muito admiro e que sem dúvida herdou as qualidades do pai, pois revela o mesmo talento nas maravilhosas crónicas que escreve na sua página “por fragas e pragas”
Também me dá muita satisfação a escrita erudita de meu filho José Carlos, que até escreve muito mais que eu. O seu apelido Sanches veio-me lembrar o vosso falecido tio Diogo Sanches Martins, que tão fraternalmente me recebeu a mim e a minha mulher em São Paulo, em 1978, durante a nossa primeira viagem ao Brasil. Cumprimentos. vc.
Gostaria de deixar aqui uma grande homenagem a este viajante e escritor de viagens nato, hoje com 90 anos, e que conheci bem na Amadora de há 30 anitos atrás… O seu filho, José Carlos Callixto, segue-lhe as pisadas e de que forma!!!! Veja aqui algo que lhe vai interessar: https://sites.google.com/site/jcarloscallixto/interes/viag.
Obrigado, José Carlos Mendes, pelas suas palavras e pelo historial de meu filho.Gostaria de saber como nos conhecemos na Amadora de há 30 anos. Será filho do hoquista Alberto Mendes? Realmente, gostei de “encontrar” Camões na Malcata, onde meu filho me levou. E se me facultar o seu e-mail, poderei enviar-lhe um outro artigo. Cumprimentos. vc
Caro Amigo Vasco Callixto! Claro que não se pode lembrar – mas eu lembro-me muito bem: ajudei na produção daquele livro, na qualidade de responsável pelo Gabinete de Imprensa do Município nessa altura… de facto: durante 18 anos! E sou natural de uma aldeiazinha do Concelho do Sabugal… O seu filho (sei agora que o Zé Carlos Callixto é seu filho… o mundo é mesmo pequenino…) tem mantido comigo um relacionamento muito interessante.
Já agora, Sr. Vasco (permita que mantenha este tratamento), deixe-me elogiar sinceramente a sua vivacidade – que se mantém e de que forma, como até fica patente na forma como aqui não deixa nada sem resposta!!!!!
O meu mail (e desde já agradeço a prenda):
jcarlosmendes@gmail.com
Um abraço de cumprimentos, meu caro!
Nunca pensei quem fosse!! Claro que agora me lembro muito bem de si. Vou responder-lhe melhor pelo seu mail e enviar-lhe o outro artigo, sobre a Malcata e a serra das Mesas e os touros. vc.