Conforme referi no meu último artigo vou continuar a escrever sobre o despertar das ideologias sociais, mas já com os discípulos dos fundadores e epígonos.

A partir de 1880, depois da implantação da monarquia em França, por Luís Filipe, um rei que atendeu única e simplesmente aos interesses da burguesia ignorando o proletariado, por isso lhe chamavam o «Rei Burguês», começaram a surgir uma série de teorias que tinham por objectivo comum uma luta social através de métodos legais e pacifistas. Ao fim ao cabo eram as doutrinas derivadas dos antigos sistemas elaborados pelos pioneiros do socialismo utópico, mas já misturadas com outros elementos.
Vejamos alguns homens desta segunda geração: o médico católico Saint Simoniano, Buchez (1796-1856), que deu um grande impulso às cooperativas de produção e consumo protegidas pelo Estado. As ideias de Buchez tiveram eco no sector moderado do movimento operário, entraram na Alemanha influenciando Herman-Schulze-Delitzsch (1808-1883), Federico Guillermo Raiffeisen (1800-1869) e também Ferdinand Lassalle, fundador da social democracia alemã. Pierre Leroux (1797-1871) propagou e praticou a ideia da solidariedade social criando pequenas cooperativas, não estatais, mas de carácter voluntário. Constantin Pecqueur (1801-1887), ex-saint simoniano e ex-fourierista, idealizou um socialismo estatal de fundo cristão.
«A partir de agora – escreveu – o território nacional pertence a todos e a ninguém. É portanto declarado de propriedade nacional inalienável e indivisível para sempre».
No mesmo ideal cristão socialista estava o sacerdote Félicité de Lamennais (1782 – 1854), que entrou em conflito com a Igreja e foi expulso dela. No seu livro Paroles d´un croyant escreveu: «Todos nascem iguais: nada, ao vir a este mundo traz com ele o direito de mandar». Este radicalismo, à época, foi uma das causas da sua expulsão. Aliás, todo aquele que entra em conflito com o poder estabelecido, e com o conservadorismo, não tem uma vida muito sossegada. Hoje, como ontem… Já Sócrates, o filósofo, dizia: «Torno-me detestável e isso prova que digo a verdade.»
Querido(a) leitor(a), como este artigo fala de ideologias sociais, não fica aqui deslocada esta parangona que li num jornal, e tem a ver com a campanha eleitoral que ainda estava a decorrer quando escrevi o artigo: «Costa em terreno hostil, o interior transmontano onde 35% dos desempregados não recebem qualquer apoio.»
Para que querem lá o Costa, ou outro qualquer que fale de coisas subversivas? Lá têm os caciques que são uma espécie de deuses a quem se dirigem nos momentos difíceis, e também têm Santa Rita que é a advogada dos impossíveis, com tudo isto, a Democracia e a Justiça Social não fazem lá (e cá) falta nenhuma…
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«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
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