Numa altura em que as sondagens aparecem a toda hora e dias, mostrando-se, quase sempre, com resultados diferentes, também eu fiz uma sondagem cá em casa. E fi-la com urna. A margem de erro é mínima. E o resultado é o expectável.

Desta forma, ficou demonstrado que as sondagens são, maioritariamente, manipuláveis. Quase sempre favoráveis a quem as encomenda. São, assim, uma espécie de alfaiataria. Onde se encomenda o fato à medida do freguês. Têm o valor que têm, ainda que algumas vezes acertem. Mas, lá está, um relógio parado, está certo duas vezes por dia!
Não sei até que ponto as sondagens são benéficas para o eleitorado. Pois podem levar ao desinteresse de votar. Exercendo, dessa forma, uma influência negativa no acto de votar. Deixem-me repetir a ladainha (porque ouvimos isto milhentas vezes!) de que o voto é um direito e um dever. Se é um direito, do qual podemos usufruir, e se é um dever, então, devemos (obriga-nos) e exerce-lo. Mas o facto, é que uma grande parte do eleitorado desleixa-se, desinteressa-se. Não cabe aqui estar, agora, analisar as causas da abstenção. Mas cada vez acredito mais na tese de que o voto deve ser obrigatório. E seria interessante verificar os resultados… abster-se, não é o mesmo que votar em branco!
E voltamos às sondagens. Os resultados dão a vitória à coligação. O que nos leva às seguintes leituras, antes, claro, do dia das eleições. Uma, leva-me ao que se passou em Inglaterra. No próprio dia das eleições as sondagens davam a vitória, à vontade, do Partido Trabalhista. E o que o aconteceu foi a vitória dos Conservadores, com maioria absoluta. Outra, representa uma certa maneira de ser do povo português. Muito pouco dado a mudanças. Um certo a comodismo. Mesmo que nos façam mal. Mesmo que nos enxovalhem. É o aceitar do fado, tão português. Outra, ainda, é que a oposição, à cabeça o PS, não foi capaz de demonstrar e desmontar a política do governo. Ou que, a coligação, foi mais eficaz na mensagem.
Depois, há o inefável Cavaco Silva. O homem que não tem dúvidas e raramente se engana, vem dizer, lá de longe, que já sabe o que vai fazer a seguir às eleições, mas que não revelava. Como se fosse um grande segredo!
Ora vejamos: se ganhar a coligação, com ou sem maioria, o Presidente da República tem que a convidar a formar governo. Se esta, em caso de minoria, não aceitar, o Presidente da República tem que convidar o segundo partido ou coligação a formar governo. Se algum aceitar governar em minoria, terá que ver aprovado na Assembleia da República o programa do governo. E será nesse momento que o Presidente da República terá que intervir. Pois não pode, por lei, dissolver Assembleia da República e convocar eleições. Isto é o que toda a gente sabe! É isto o que Cavaco Silva ainda não descobriu? É por isso que não comemora a República? Cavaco Silva, como dizia o ouro, calado é quase (acrescento eu) um poeta!
p.s. Deixo o meu apelo ao cumprimento desse dever e usufruir desse direito. Vão votar!
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«A Quinta Quina», opinião de Fernando Lopes
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