A minha aldeia tem hoje mais idosos do que jovens, claro, como todas as outras desta zona. Por isso, um programa que visa acompanhar a saúde das pessoas, deve ser sempre lembrado. Assim como não faz mal nenhum recordar que aqui foi terra de muitos romanos e de muitas coisas boas… Leia e aprenda a gostar das nossas aldeias, uma a uma.

Na nossa terra, há dois mil anos, havia muitos romanos.
Quem o diz são os investigadores. Essa situação é referida, por exemplo, aqui: «A freguesia do Casteleiro fica situada no concelho do Sabugal, na margem esquerda da Ribeira da Nave. Dista cerca de 20 kms da sede do concelho, e limitam-na as freguesias de Sortelha, Moita e Bendada (concelho Sabugal), Vale de Senhora da Póvoa e Benquerença (concelho de Penamacor), Caria e Inguias (concelho de Belmonte) e Escarigo (concelho do Fundão).
Em termos morfológicos, Casteleiro situa-se na base de montes elevados, perto da serra da Opa. Historicamente, regista-se a ocupação e forte presença do povo romano, como atestam os vestígios encontrados.

Casteleiro pertenceu ao concelho de Sortelha até à sua extinção (1855), e nessa altura, integrava o distrito de Castelo Branco. Passa a pertencer, a partir dessa data, ao distrito da Guarda, tal como Sortelha, após ter perdido o estatuto de concelho.
Demograficamente, Casteleiro teve um crescimento assinalável no período entre os séculos XVIII e XIX. Em 1757, registava 52 fogos, e em 1905, 280 fogos e 974 habitantes. O decréscimo populacional é fruto da década de sessenta e setenta (séc. XX), com o fenómeno emigratório que afectou esta povoação, como tantas outras no país, e concretamente esta zona raiana.
Estes só não sabem é para que lado corre a ribeira. Se calhar acham que corre para cima… E também não sabem quantos quilómetros são do Casteleiro ao Sabugal. De resto, tudo bem.

Outras coisas boas do Casteleiro
«Festas e romarias – Festa de Santo António – primeiro ou segundo fim-de-semana de Agosto.
Locais de interesse: na aldeia, existe a Igreja Matriz, monumento de consideráveis dimensões, dedicado ao padroeiro, Divino Salvador.
Capelas: Capela do Espírito Santo; Capela de São Francisco; Capela de São Sebastião.
Património Arqueológico: Povoado na serra d’Opa: são visíveis estruturas de construções, com formato rectangular. Aqui foram encontradas cerâmicas de construção e de objectos manuais. Foi identificado um fragmento de terra «sigillata hispânica», da Idade do Ferro.
Calçadas Romanas: outra grande marca da presença do povo romano nesta região.
Sepulturas Medievais: foram encontradas duas sepulturas não antropomórficas na Quinta das Barrentas. Uma delas é semelhante a um sarcófago em granito, e a outra é escavada na rocha, não muito profunda.
Património Natural (paisagem): podem observar-se magníficas paisagens em relação à Serra da Vila, à Serra da Opa, ao Cabeço Pelado, à Presa e ao Casteleiro».

Trabalho de campo da UBI no Casteleiro
O acompanhamento da saúde das pessoas do Casteleiro começou há ano e meio. Uma verdadeira mais-valia para as terras do Interior, como foi referido neste vídeo. A apresentação deste trabalho diz assim: «Investigadores da Beira Interior estão a desenvolver um projeto pioneiro junto da população da freguesia de Casteleiro, Sabugal, que vai permitir acompanhar a saúde dos habitantes e disponibilizar uma base de dados para trabalhos científicos.
O projeto de aplicação do SVD – Sistema de Vigilância Demográfica (“coorte” de base populacional) junto dos cerca de 400 habitantes da aldeia é promovido pelo Centro de Investigação e Desenvolvimento da Beira (CIDB), liderado por João Luís Baptista».
Veja o vídeo que lhe trago e oiça os depoimentos de habitantes e de membros da Junta de Freguesia (lá mais para o fim do filme)… (Aqui.)

Recordo também que na altura a Lusa divulgava ainda: «Este é um estudo longitudinal, único na Europa, tanto quanto temos tido conhecimento, que vai fazer um inquérito às pessoas sobre várias temáticas e essas pessoas vão ser seguidas ao longo do tempo», explicou João Luís Baptista à agência Lusa».
Coisas destas são para falar todos os dias. São boas demais para serem alvo de silêncio. Por isso, as trago aqui para que não se esqueça os que é bom.
:: ::
«A Minha Aldeia», crónica de José Carlos Mendes
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Janeiro de 2011)
:: ::
Leave a Reply