A rola comum, em conjunto com as andorinhas, o cuco e a popa são quatro aves que, com a sua presença e o seu canto, acabam por convencer os mais incrédulos que a primavera chegou novo.

A rola comum é mais uma das aves que visitam a nossa zona ao longo do ano. Por norma visita o nosso país em Março/Abril no início da primavera e por cá se mantém até ao final do verão, altura em que de novo retorna a locais mais quentes, mais sul, para passar o inverno.
A plumagem é azul-acinzentada no corpo e cabeça, e branca no peito. De cada lado do pescoço possui riscas brancas e pretas (característica que a distingue da outra espécie de rola que pode ser observada no nosso país, rola-turca – Streptopelia decaocto). A pele à volta dos olhos e das patas é avermelhada. As diferenças entre sexos quase não existem em termos do respectivo aspecto.
Quando a primavera chega e durante o verão ainda é vulgar ouvir o canto da rola, principalmente nas horas de maior calor e por norma perto de zonas com árvores de porte grande (carvalhos, pinheiros, azinheiras, freixos, amieiros, etc)
Com a diminuição da população rural na nossa região acabamos por provocar alterações no habitat das rolas o que, associado à caça que sempre existiu, tem vindo a provocar uma diminuição da sua população que, não sendo ainda dramática começa a ser preocupante. Por isso, a rola foi considerada pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Ave do ano 2012.
A reprodução faz-se na nossa zona, durante o período em que por cá permanece, preferindo desde sempre as zonas com uma maior floresta.
Esta espécie alimenta-se essencialmente de sementes, que apanha no chão.
É uma espécie monogâmica, isto é cada par possui apenas um companheiro. A reprodução começa logo que chega, iniciando-se pela construção do ninho.
O ninho das rolas é dos mais pobres que se conhecem. Na verdade são constituídos por pouco mais de um conjunto de ramos colocados uns sobre os outros principalmente pela fêmea.

Os ovos são brancos e a postura situa-se entre um e três ovos. A incubação dura 13-16 dias, e é realizada tanto pelo macho como pela fêmea. Ambos cuidam das crias, e estas saem do ninho cerca de 20 dias depois de nascerem.
Cerca de metade dos ovos postos eclodem com sucesso, sendo os restantes ou perdidos devido a infertilidade ou mesmo objecto de ataque de predadores como sejam por exemplo o gaio ou a pêga.

Enquanto se encontram no ninho, as rolas pequenas são totalmente indefesas não sendo raro serem os ninhos predados por outras aves.
O voo das rolas é muito veloz principalmente quando são adultas. Durante o período de reprodução, existem por vezes verdadeiras exibições mais frequentes por parte dos machos. Por norma voam a pique de baixo para cima batendo as asas muito rapidamente até atingirem uma altura considerável por norma maior que a copa de qualquer árvore.
Quando chegam ao topo, imediatamente param de bater as asas e iniciam então uma descida gravítica e planada com as asas abertas. Como facilmente se percebe esta descida é lenta pois a envergadura das asas comparativamente ao peso do corpo, faz com que a gravidade tenha uma atuação leve.
Neste momento a rola comum não está ainda ameaçada de extinção mas, fruto da degradação dos respectivos habitats em conjunto com o maior rendimento das armas de caça pode vir a provocar uma escassez desta espécie que poderá vir a aconselhar uma medida de protecção.
Há vários anos, os mais jovens das nossas terras, quando estas ainda eram praticamente todas cultivadas, costumavam caçar rolas com os “costilhos”. Por norma o costilho era armado em terra limpa e quase sempre gradeada. Fazia-se um sulco com o arrastar do pé até ao local onde o costilho era armado. Dispunha-se nesse sulco, devidamente espaçados vários grãos de milho. O costilho tinha o último grão de milho que quando tocado fazia disparar uma mola e apanhava a ave.
Recordemos o canto da rola, mais frequente durante a hora de mais calor no verão quente das nossas terras (aqui)
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«Do Côa ao Noémi», opinião de José Fernandes (Pailobo)
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