A caminho das eleições do dia 4 de outubro também as televisões vão a votos pela conquista da audiência, mas o seu maior desafio é informar os cidadãos com independência e rigor.
Já não falta muito para que entre em campo o batalhão de repórteres, verdadeiros «operários da informação», que darão a conhecer em cada instante, as incidências e os incidentes das diversas campanhas.
Todos esperam que não haja acidentes pelo meio e que o stress e o cansaço, que já enviaram alguns carros para a sucata e os ocupantes para camas de hospital, não voltem a «fazer das suas».
Aptidão física e motivação são duas condições importantes para quem quer fazer, (ou foi convocado a fazer) a próxima «Volta Eleitoral». Mas não só.
A qualidade da informação televisiva passará certamente pela resposta que cada estação vai dar, ou está a dar, a estas sete perguntas:
1 – Os repórteres de imagem da estação foram briefados acerca das linhas gerais adoptadas pela Dirceção de Informação e pedido o seu contributo para alcançar tais objectivos?
2 – Na tua estação é incentivada e apoiada a independência dos repórteres na execução do seu trabalho?
3 – Há algum critério editorial na escolha das lentes que os repórteres de imagem da tua estação usam nas câmaras para a cobertura da campanha?
4 – Está previsto o recurso a microcâmaras (popularmente conhecidas por GoPro) ou a drones (para imagens aéreas) nas arruadas e comícios ao ar livre)?
5 – Como vão ser utilizados os meios ultra-ligeiros que a tua estação dispõe para fazer directos?
6 – Haverá espaço para reportagem que vá para além dos discursos, remoques e recados entre candidatos?
7 – A tua estação oferece algum tipo de incentivo aos repórteres escalados para a cobertura da campanha eleitoral?
Não é por acaso que começo e acabo este rol com questões de carácter motivacional. Não há nada que quebre mais um repórter no terreno que a sensação de abandono, de não pertença a algo maior.
Mas vejo com enorme expectativa o desafio tecnológico de se poder estar permanentemente «em directo» ou «online», dois conceitos que se confundem cada vez mais.
Virtualmente pode transformar-se a próxima campanha eleitoral num reality show onde os candidatos, sempre em «em direto» dispensam a moderação ou intermediação do jornalista e falam diretamente para a audiência sem filtro mas também sem rede.
Quem detesta os jornalistas verá aqui uma oportunidade de lhes «passar a perna», mas o risco da gafe e do imprevisto podem virar-se, como o feitiço, contra o feiticeiro. As televisões possuem meios para fazer a cobertura de uma campanha deste estilo, mas não creio que alguém queira ir por este caminho…
A curiosidade está em perceber que ponderação irão fazer as televisões no uso destes meios técnicos. Utilizarão criteriosamente a tecnologia «da moda» (smartphone, teradek, microcâmara ou drone) ou vão adoptar uma postura mais conservadora na cobertura da campanha eleitoral?
Seja como for, até dia 4 de outubro as coberturas televisivas vão estar a votos na chamada «guerra de audiências». Acredito que os cidadãos espectadores iram premiar o independência e o rigor porque o que vai ser realmente importante é a escolha do melhor governo para Portugal.
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«Repórter ENG», crónica de João Amado Gabriel
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