Acabou a época das capeias. Inevitavelmente, é tempo de fazer um balanço. À pergunta, como correu, a resposta que me sai é a mesma da ministra da Administração Interna à pergunta por que não foi aprovado o Estatuto da GNR. Bem… foi… sabe como é… um touro lá marrou… ninguém se magoou…
1 – A verdade é que não foi uma boa época De uma forma geral, pois podemos discutir capeia a capeia, touro a touro até, mas no geral, faltou touro(s). Os touros que foram corridos nas principais capeias foram de fraca qualidade. O Festival foi constrangedor. O curro foi um fiasco. A esta constatação, e os touros são o essencial, continua haver freguesias, das que foram candidatas a que a sua capeia conste do livro do Património Imaterial, a não cumprir com a matriz do que é uma capeia arraiana. E isto leva-me a algumas questões. Se as capeias, ditas arraianas, querem gozar desse estatuto devem ser obrigadas a cumprir com o que é uma capeia arraiana – encerro, touro da prova, capeia e desencerro. Se tal não acontecer, devem perder esse estatuto e as regalias a ele inerentes. Mas estas capeias são da responsabilidade de mordomias ou comissões de festas.
Já o Festival «Ó Forcão Rapazes» é uma organização rotativa e de duas Juntas de Freguesia. Começou por ser um concurso mas, em boa hora, passou para um festival. Significa isso que, para além da rivalidade, e por causa dela, o que se procura é uma mostra do espectáculo mais significativo daquelas terras e do concelho do Sabugal (diria mesmo do distrito).
Portanto, a sua organização deve visar, essencialmente, repito, essencialmente, o espectáculo. Para isso, é necessário que a escolha dos touros seja criteriosa e exigente. Os touros devem ter peso, trapio, casta, apresentação. Até porque é um espectáculo pago. E chegados aqui, para dizer, então, que o Festival não pode ter como objectivo o lucro. Não pode ser um mero negócio. Porque se assim é, então, também devem pagar aos… artistas. Aqueles que lá andam a pegar. Se é um festival, a montra da capeia arraiana, como dizia um velho aficionado e amigo do lado de lá da fronteira, é o campeonato do mundo de pegar a forcão, então o investimento deve ser exclusivamente no espectáculo. E esta exigência deve ser de todos nós. Mas em termos oficiais, deve ser a Câmara Municipal a fazer essa exigência. Esta foi uma época para não recordar.
2 – A tragédia que as águas do Mediterrâneo têm presenciado, deixam a Europa numa posição em que demonstra toda a sua inexistência. Se as imagens que nos entram pela casa dentro através da tv, nos demonstram isso mesmo, foi Durão Barroso o deixou claro. Numa intervenção, perante os jovens que (não sei qual o termo) frequentam, estagiam ou estadeiam, nessa Universidade de Verão, sobre a crise dos migrantes, afirmou que não se pode atirar para cima da Europa (querendo ele dizer União Europeia) a responsabilidade dessa inoperância, mas para os governos que não são capazes de resolver o problema. Esta afirmação é a prova, porque vinda de quem vem, que a União Europeia faliu.
3 – Muito se tem falado dos debates políticos transmitidos via televisão. A discussão gira à volta do facto de Passos Coelho ter feito birra porque Portas não vai ao debate. Aproveitando os partidos da coligação para atacarem o PS de que tem medo de debater.
Bom, não tenho nenhuma procuração de António Costa mas, devo fazer aqui a sua defesa neste aspecto. Vejamos, foram os partidos da coligação que procuraram fazer uma lei que intervinha na liberdade editorial (com o beneplácito do PS). Mesmo assim, só há debates com partidos que estão representados na Assembleia da República. Acontece que o CDS optou por se coligar. O que vai a votos é uma coligação, portanto, vai ao debate o candidato a primeiro-ministro. Parece-me tudo claro e normal. Porque quer Portas um privilégio que nem na coligação tem? Se queria estar a solo e representar-se deveria ter ido a votos sozinho. Mas aí…
Em resumo, parece-me uma birra o que está a fazer Passos Coelho. Uma fuga, simplesmente. E não falem em democracia. Porque democrático era a representação de todos os partidos, coligações e movimentos que vão a votos.
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«A Quinta Quina», opinião de Fernando Lopes
Vamos tentar fazer melhor a cada ano que passa,burile-se o aspecto organizativo,encontre-se o melhor traçado para o Encerro e o Desencerro,melhore-se o Pedido da Praça,escolham-se ainda melhores curros e tratem-se ainda melhor as pessoas que acorrem às nossas aldeias para presenciar este Espectáculo. Volto a repetir:Afinal,o ano de 2015 no que se refere a capeias é e foi para recordar
O artigo do Fernando Lopes tem, para mim, dois aspectos muito positivos, primeiro,o de nos alertar para a necessidade de uma reflexão sobre algo importante que aconteceu,neste caso,a Capeia Arraiana. Um outro ponto não menos importante é o de nem tudo ter corrido.Quer com isto dizer que perfilho tudo o que é dito no artigo?!Claro que não.Em primeiro lugar não podemos ser tão perfectionistas,nem mais papistas que o Papa. O Fernando diz a certa altura,”Os touros que foram corridos nas principais capeias foram de fraca qualidade. O Festival foi constrangedor. O curro foi um fiasco.” Nas principais capeias os touros,de um modo geral, tinham porte,peso e trapio,investiram forte e firme no forcão e os rapazes receberam muitos aplausos do público presente.O Festival do Forcão,em Aldeia da Ponte correu bem e o curro do Ganadeiro Zé Nói apresentou bons touros: com porte,peso e trapio. Investiram bem no forcão,com uma excepção, o touro que coube aos rapazes dos Forcalhos, que tudo fizeram para ultrapassar o imprevisto.O Festival deve ser um ESPECTÁCULO,aqui estou de acordo,não deve visar o lucro.Se algo correu mal no Festival não foi por causa do curro nem da valentia dos Rapazes do Forcão. Apontaria aqui uma falha,eu que estou fora da logística do mesmo: a demora no arranjo constante dos forcões.O Fernando Lopes diz também,no seu artigo que: “Se as capeias, ditas arraianas, querem gozar desse estatuto devem ser obrigadas a cumprir com o que é uma capeia arraiana – encerro, touro da prova, capeia e desencerro.” Vi capeias muito boas,sim muito boas, que não cumprem estes 4 requisitos,quer com isto dizer que as aldeias devem ser por isso mesmo penalizadas? Não o creio.Afinal,o ano de 2015 no que se refere a capeias é e foi para recordar
O Fernando Lopes fez o que devia ter feito,porque depois de uma época, depois de uma iniciativa,depois de qualquer coisa é necessário fazer uma reflexão sobre a mesma.Nem tudo correu bem,já o sabíamos, mas é necessário que alguém o diga e apresente argumentos.Parabéns,Fernando.