No sábado, dia 22 de Agosto, enquanto um vigoroso incêndio lavrava na zona de Sortelha, na outra ponta do concelho do Sabugal, em Aldeia da Ponte acontecia o 30.º Festival Ó Forcão Rapazes, juntando milhares de pessoas para assistirem à evolução do forcão manejado pelas equipas das aldeias raianas.

A festa raiana começou com o desfile das equipas participantes, colorindo a arena da Praça de Touros de Aldeia da Ponte.
O primeiro touro a sair do curro foi para a lide dos rapazes dos Fóios. O animal, embora pouco corpulento, investiu ao forcão e proporcionou uma normal prestação, seguida de boas sortes nos recortes, sendo agarrado por duas vezes, para gaudio do público. Mostrando porém um ligeiro problema físico que o fazia amiúde ajoelhar, as pegas, uma delas à moda dos forcados, pareceram fáceis, mas tal deveu-se ao empenho e à coragem da rapaziada fojeira.

A segunda equipa a pegar ao forcão foi a dos Forcalhos, a quem o azar ditou um touro amedrontado, que não investia, parecendo conhecer bem a dureza das galhas de carvalho que compõem o aparelho. A lide tornou-se impossível, por mais que os pegadores incitassem o animal a ir à luta. Pousado o forção, o touro revelou-se igualmente incapaz de proporcionar boas peripécias aos recortadores, estando invariavelmente encostado às tábuas, protegido dos desafios que os mais ousados lhe lançavam.

O terceiro touro saiu para bater no forção empunhado pela equipa da casa, Aldeia da Ponte, fortemente apoiada e incentivada pelo público. O touro bateu nas galhas, mas com pouco vigor, o que inviabilizou o espectáculo de audácia e valentia que os aldeiapontenses ambicionavam proporcionar. Valeram as muitas e boas peripécias que os ousados e experientes rapazes fizeram após a retirada do forcão.

A rapaziada da Lageosa esperou o quarto touro da tarde. Coube-lhes um forte e destemido animal que investiu valentemente no forcão, partindo galhas como se fosse paus de fósforos e pondo à prova a firmeza dos pegadores. Pousado o forcão, os valentes raianos da Lageosa fizeram o impossível para incitar o touro nos recortes, mas nesta parte o animal não facilitou o trabalho, mostrando-se algo cauteloso nas investidas.

Após uma longa paragem para reparação do forcão, a equipa do Soito esperou o quinto touro da tarde. O animal teve uma entrada fulgurante, de forte embate na galha, mas depois retraiu-se, o que prejudicou a prestação da equipa no manejo do aparelho. Porém a sofrível prestação na manobra do forcão foi amplamente compensada com os excelentes recortes e a ousada pega de caras que os soitenses ofereceram ao seu público, acto de valentia que lhes proporcionou um caloroso e longo aplauso.

O sexto touro da tarde foi para os rapazes do Ozendo. Teve uma boa entrada, que parecia poder proporcionar a melhor lide até ao momento, quando um percalço prejudicou o desenrolar do espectáculo: desprendeu-se uma vara de sustentação do forcão, que estava apenas pregada e onde faltava o devido aperto com cordame. O incidente obrigou a uma paragem para mudança de forcão e a dinâmica ficou prejudicada, ainda que o touro continuasse a investir, dando oportunidade à malta do Ozendo para mostrar como domina a arte.

Depois de outra longa paragem para nova reparação do forcão, saiu à praça o sétimo touro, destinado à equipa de Alfaiates. A entrada foi muito forte e sucederam-se outras potentes batidas e o rodopiar constante do forcão face às tentativas do touro em o contornar. Depois da exímia evolução do forcão pela praça, seguiram-se muitas e boas peripécias, que tiveram como prémio calorosos aplausos de um público que se rendeu à bonita prestação dos alfaiatenses.

O oitavo touro foi para Aldeia Velha. Deu entrada na arena com uma batida fortíssima, a que se seguiram outras vigorosas investidas que os pegadores aguentaram com assinalável valentia, merecendo muitos aplausos. O touro proporcionou uma excelente função à equipa de Aldeia Velha, que ali demonstrou estar em perfeita forma para a sua capeia, que acontecerá a 25 de Agosto – a última do calendário.

O nono e último touro da tarde foi para a equipa de Aldeia do Bispo e este foi, sem dúvida, o mais forte que entrou em acção. Saiu do curro com ar altivo, e logo que viu o forcão arrancou veloz e investiu na galha com todo o seu peso, gerando um embate fortíssimo, que fez estremecer o aparelho e os pegadores, que o susteram a custo. Temeu-se que a potente batida assustara o animal que recuou para as tábuas, mas as investidas continuaram vigorosas, ainda que em breve se notasse que o animal ficara ferido numa das chaves, o que inviabilizou a plena realização do resto do espectáculo para a malta de Aldeia do Bispo.

Foi grande dia de festa para o povo raiano e também uma valiosa jornada de promoção da Capeia Arraiana, perante uma praça à pinha, numa tarde de Agosto pouco quente em termos de temperatura, mas seguramente calorosa no que respeitou às emoções.
Os touros começaram por ser fracos, o que indispôs os elementos das primeiras equipas que evoluíram na arena. Porém à medida que a corrida prosseguiu os animais foram-se revelando cada vez melhores, passando a proporcionar bons desempenhos.
plb
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