:: :: EFEMÉRIDES 2015 :: 11 DE AGOSTO :: :: O Capeia Arraiana publica diariamente as efemérides mais relevantes de cada data… Hoje destacamos a tomada de medidas pelo Marquês de Pombal em favor da indústria da lã da região da Serra da Estrela, em 1759. Ainda falamos em Santa Filomena, a santa que deixou de o ser e que se evocava a 11 de Agosto.

>> Dia de Santa Suzana.
>> Dia de Santa Clara.
>> Feriado Municipal em Praia da Vitória.
>> FOMENTO DOS LANIFÍCIOS DA BEIRA INTERIOR
Há 256 anos, no dia 11 de Agosto de 1759, foi criado o cargo de conservador das fábricas de panos da Guarda, Castelo Branco e Pinhel, como forma de proteger e fomentar esta indústria, considerada essencial para o desenvolvimento do país.
O alvará régio de 11 de Agosto de 1759, assinado por D. José, mas pensado pelo seu ministro Marquês de Pombal, veio reforçar o apoio e o controlo estatal já consignado no anterior Regimento das Fábricas de Panos, que datava de 1690.
Face às sucessivas queixas dos fabricantes das Comarcas da Guarda, Pinhel e Castelo Branco contra o monopólio, as fraudes e a crise verificados, definiram-se regras para o fabrico de panos para fardamentos, de modo a garantir-lhes a necessária qualidade.
A intervenção do Estado na regulação da indústria têxtil serrana incluiu ainda a elaboração de inquéritos, ordenados por Sebastião José de Carvalho e Melo, mais conhecido por Marquês de Pombal. Os chamados Inquéritos Industriais Pombalinos, realizados na segunda metade do século XVIII, fundamentaram a acção estatal centralizadora.
No que reporta à província da Beira, os Inquéritos permitiram constatar que o fabrico de panos, buréis e baetas se encontrava disseminado pela região da Serra da Estrela, nomeadamente na Covilhã, Manteigas, Belmonte, Guarda, Seia, Gouveia e Fornos de Algodres e também pelas comarcas de Sabugal, S. Vicente da Beira, Pinhel e Castelo Branco. Outra constatação foi a de que a lã utilizada era proveniente da própria província, ainda que alguma, pouca, proviesse de Castela.
Seguir-se-iam tempos áureos para as indústrias da lã na região, que se expandiram e trouxeram acrescidos rendimentos aos proprietários, crescendo igualmente o número de operários fabris e de pastores de ovelhas.
>> FILOMENA – A SANTA QUE QUASE DEIXOU DE O SER
A 11 de Agosto celebrava-se Santa Filomena, de acordo com o calendário litúrgico. Em 1961 descobriu-se porém que a Santa era falsa e foi decidido o fim da sua celebração, porém a ordem do Vaticano não foi cumprida na íntegra e em alguns lugares o culto e a festa mantêm-se.
Em 20 de Fevereiro de 1961, um comunicado da agência ANI, do Vaticano, sendo Papa João XXIII, lançava a confusão em algumas comunidades, ao anunciar que «O nome de Santa Filomena, Virgem e Mártir, foi abolido do calendário religioso por não haver provas concretas da sua existência». O comunicado informava ainda que a igreja dedicada àquela ex-santa, perto de Nápoles, seria consagrada a outro santo.
A decisão fora tomada pela Sagrada Congregação dos Ritos, em reunião de 14 de Fevereiro, onde se fez a revisão dos calendários das dioceses e ordens religiosas, dizendo-se expressamente na respectiva acta: «A festa de Santa Filomena, Virgem e Mártir (11 de Agosto) seja retirada de todo e qualquer calendário».
O início do culto a Santa Filomena
Foi em 25 de Maio de 1802 que os arqueólogos que exploravam a Catacumba de Priscila, perto de Roma, encontraram um túmulo com ossos e uma ampola de vidro, com a seguinte inscrição na respectiva tampa: Pax tecum Filumena (que a paz esteja contigo Filomena). Depressa se espalhou a convicção de que se tratara de uma mártir, que os cristãos do seu tempo sepultaram nas catacumbas, como era seu uso.
As relíquias da suposta mártir foram levadas de Roma para a igreja de Mugnamo, na diocese de Nola, na região de Nápoles, onde deram entrada solene em 10 de Agosto de 1805, para gáudio do pároco da aldeia que as solicitara com muito empenho. Sabendo as pessoas que ali tinham os restos de uma mártir, começou a verificar-se uma grande afluência à dita igreja, logo se atribuindo vários milagres à Santa, que assim se tornou muito concorrida e alvo de copiosas romagens. Houve quem analisasse a inscrição do túmulo e a partir daí recriasse a morte da Santa Mártir, que teria sido trespassada por flechas e atirada ao mar com uma âncora presa ao pescoço.
A fama de Santa Filomena correu além fronteiras, pelo que o papa Gregório XVI, muito pressionado pelos devotos, deu em 1837 aprovação oficial ao culto, com festa marcada para o dia 11 de Agosto.
Em Portugal o culto a Santa Filomena também criou entusiasmo, sobretudo no norte, tendo-lhe sido dedicadas capelas e manifestações festivas.
A supressão do culto
Já o culto estava espalhado por toda a Europa e pela América do Sul, quando os arqueólogos, fruto das comparações entre os vários túmulos encontrados nas catacumbas, demonstraram que a leitura das lápides poderia ter diversas interpretações e que nem só os cristãos mártires eram ali sepultados. Houve até casos em que a mesma lápide era usada para tapar diferentes túmulos ao longo do tempo, pelo que, em relação à alegada Mártir Filomena, nada garantia que a lápide dissesse respeito às ossadas que ali foram depostas. Acrescia que os túmulos dos mártires eram normalmente depositados numa sepultura especial, ligada a um altar, o que não era o caso do túmulo em apreço, que era simples.
Face aos factos que punham em dúvida a real existência da mártir tomou-se a decisão de por termo ao culto, numa altura em que o mesmo já estava disseminado.
Não reagiu bem parte da comunidade católica à decisão do Vaticano, nomeadamente o povo de Mugnamo, apoiado pelas autoridades e clero locais, que face à afronta realizou uma grande festa em sinal de grande e inabalável devoção à Santa mártir e milagreira.
Com a retirada da Santa do calendário litúrgico, a sua devoção esmoreceu e foi progressivamente substituída por outros santos.
Porém o culto a Santa Filomena não foi completamente erradicado, e ainda hoje se mantém em alguns lugares do mundo, a começar por Mugnamo, cujo santuário é local peregrinação.
A fé que persiste
Os defensores da manutenção do culto a Santa Filomena evocam as palavras do Papa Pio X, que em Junho de 1907 falou carinhosamente da santa taumaturga: «Seja este o seu nome ou tivesse ela outro qualquer, isso pouco importa. É certo, é fora de dúvida e está provado à saciedade que a alma que informava estes restos sagrados era uma alma pura e santa que a Igreja declarou Virgem e Mártir.»
Mau grado a posição proibitiva do Vaticano, fazem-se interpretações de não exclusão do culto. Consideram estes defensores da permanência da devoção que apenas ficou proibido o Ofício Litúrgico e a missa própria de Santa Filomena. Pode porém celebrar-se a Missa em honra de Santa Filomena, usando o formulário da Missa do Comum das Virgens Mártires e, além disso, não está proibido expor ao culto a imagem da Santa.
Às portas de Lisboa, da Amadora, há o Bairro de Santa Filomena e a paróquia tem uma capela com o nome da Santa onde há cerimónias religiosas regulares.
Persistem imagens de Santa Filomena, como é o caso de uma na Basílica dos Mártires, em Lisboa. Peniche mantém igualmente uma capela dedicada a Santa Filomena.
E festas à Santa também as há em Portugal, como na freguesia do Mosteiro, na ilha das Flores, nos Açores.
Noutros disfarça-se para se não alegar desobediência, como sucede em Bragança, em que o local de culto se designa por Capela de Santa Filomena e Santo Expedito.
>>1762 – Tropas espanholas e francesas, comandadas pelo marquês de Sarria, põem cerco a Almeida e iniciam o bombardeamento da praça.
>>1759 – Criação do cargo de conservador das fábricas de panos da Guarda, Castelo Branco e Pinhel.
>>1579 – Morte do matemático Pedro Nunes, nome do Humanismo português e da investigação europeia.
>>1654 – D. João IV institui a Casa do Infantado.
>>1963 – Craveiro Lopes, antigo presidente da República Portuguesa, critica, em público, a política ultramarina de Salazar.
>>1971 – O Brasil solicita formalmente a Portugal a entrega dos restos mortais do Imperador Pedro I, em virtude da próxima celebração dos 150 anos da independência.
>>1675 – Inauguração do Observatório Astronómico de Greenwich, no Reino Unido.
>>1897 – Nascimento da escritora britânica Enid Blyton, criadora das aventuras dos Cinco e dos Sete.
>>1906 – O francês Eugene Augustin Lauste regista a patente da sonorização de filmes.
>>1918 – Termina a Batalha de Amiens, decisiva para a vitória aliada na I Guerra Mundial.
>>1919 – É aprovada a Constituição Alemã, pela assembleia nacional de Weimar, primeira tentativa de democracia liberal.
>>1934 – Abertura da prisão de alta segurança da ilha de Alcatraz, na Baía de São Francisco, EUA. Seria desactivada em Março de 1963.
>>1938 – Os nazis destroem a sinagoga de Nuremberga, na Alemanha.
>>1977 – Panamá e EUA assinam o acordo que atribui ao primeiro a soberania sobre o Canal, em 2000.
>>1996 – Morte do maestro e compositor checo Rafael Kubelik, 82 anos.
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>> Dia 223 de 2015. Faltam 142 dias para o fim-de-ano.
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jcl e plb
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