Hoje, querido(a) leitor(a), vou escrever sobre uma outra mulher, Simone Weil, judia e com um pensamento e modo de vida totalmente diferente da última que lhe apresentei, Ayn Rand.

Simone Weil foi uma revolucionária toda a sua curta vida. Ia à raiz das coisas, por isso lhe chamavam radical, sempre esteve ao lado dos mais necessitados, lutou na Guerra Civil Espanhola ao lado dos republicanos, trabalhou em França junto aos operários da fábrica Renault, aí ficou traumatizada com o ambiente de trabalho e pobreza dos operários, apoiava-os quando faziam greve e caíam no desemprego. Os media começaram a apelidá-la de «a virgem vermelha».
Nenhum intelectual de esquerda tinha tentado compreender como viviam os trabalhadores dia a dia, a alienação, o cansaço, a humilhação, a fome e o desespero. Ela, conhecedora destes problemas escreve: «A condição do trabalho, e Reflexões sobre as causas da liberdade e da opressão social. Três décadas depois da sua morte surge a Teologia da Libertação, há quem diga que Simone Weil foi a sua precursora, nunca abandonou os oprimidos e os perdedores, esteve sempre ao seu lado. Albert Camus, filósofo e escritor francês disse dela: «Desde Marx, o pensamento político e social não havia produzido no Ocidente nada mais penetrante e profético.»
Até que chegou a sua fase mística, e chegou quando assistiu em Portugal, Viana do castelo, a uma procissão de mulheres de pescadores, escreve então: «Tive a certeza de que o Cristianismo é por excelência a religião dos escravos, e os escravos têm por força que professá-la, e eu entre eles.»
Um padre falou-lhe em baptismo, quis baptizá-la, ela recusou e disse-lhe que podia ser cristã fora da Igreja.
Morre em 1943 com apenas trinta e quatro anos devido a uma tuberculose que se agravou porque não queria comer mais alimentos do que comiam os homens que combatiam na frente de batalha na II Guerra Mundial.
Vejamos esta frase dela: «Há que escrever coisas eternas para estarmos seguros de que serão a actualidade.»
Ela assim fez: «Dinheiro, maquinização, álgebra, os três monstros da civilização actual. Analogia perfeita.» Como hoje!
Reúne todas as condições para estar nos altares, outros santos e santas houve que foram canonizados por muito menos, mas o grande problema de Simone Weil foi estar ao lado dos trabalhadores e lutar por eles. Pode ser que um dia o Papa Francisco se lembre dela, este também se prende com os grandes problemas sociais e está ao lado de quem sofre.
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«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2008)
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