Já aqui falámos de outras vezes na importância de recuperar e preservar o património do concelho do Sabugal e do papel crucial que a Câmara Municipal pode ter nesse processo. Desta feita abordaremos a premente necessidade de valorizar os moinhos tradicionais que se encontram junto aos cursos de água em estado de perfeita ruína.
A foto do moinho da Abitureira que ilustra este artigo, foi «postada» na página do Facebook do grupo dos «Descendentes do Concelho do Sabugal» por Goreti Graça, e ao observá-la, ocorreu-nos a ideia de abordar este tema.
Os moinhos constituem um importante património popular que simboliza o esforço e o labor de gerações com que, aproveitando a força motriz da água, garantiam a sobrevivência, moendo ali o cereal com o qual fabricavam o pão, alimento de todos os dias.
A Câmara Municipal deve usar os instrumentos de planeamento integrado, nomeadamente o Plano Director Municipal, de modo a possibilitar um conjunto de acções ligadas à recuperarão dos moinhos e aos seu aproveitamento em favor da economia do concelho. A recuperação desse património pode beneficiar de investimentos particulares, apoiados por fundos nacionais e comunitários, criando condições objectivas para a reversão do processo de degradação desse património.
Há pois que definir uma estratégia municipal de recuperação do património tradicional, criando condições para um turismo sustentado e de qualidade, que proteja e valorize a paisagem, em contraposição à acção que agride o território.
Para a plena implementação desse projecto é necessário escalonar as acções a desenvolver.
Numa primeira fase é fulcral proceder a um levantamento exaustivo das moagens tradicionais do concelho, registando a sua localização, os proprietários, o estado de conservação e as suas características.
O segundo passo é publicar esse estudo e divulgá-lo, nomeadamente junto da população local.
Seguidamente, na fase três, importa tirar partido do conhecimento e da sensibilização, promovendo a conservação e a reabilitação dos moinhos e de outro património que lhe esteja associado, como açudes, levadas e instrumentos de moagem. Numa quarta fase, importa apostar em criar condições para o desenvolvimento de um programa de ecoturismo, centrado na temática dos moinhos tradicionais. Por último, numa quinta fase, é necessário ajudar a desenvolver esses produtos de ecoturismo de modo a que contribuam para o desenvolvimento do concelho.
Esta ideia de recuperar o património molinológico não é original. Temos de saber aprender com os outros e, nesta matéria, poderemos fazê-lo com o que realizou o Município de Boticas, no norte de Portugal. Ali foi colocado em acção o projecto integrado «Moinhos e paisagens da Europa», pelo qual se fez um levantamento do património existente (financiado pelo programa europeu Raphael), depois divulgado através do projecto Euromills (com fundos comunitários do programa Cultura 2000) e finalmente a própria recuperação dos moinhos, integrada no programa Operação Norte (financiado com fundos FEDER do Quadro Comunitário de Apoio).
Há pois que meter mãos à obra na recuperação e valorização dos velhos moinhos do concelho.
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«Contraponto», opinião de Paulo Leitão Batista
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“mas a verdade é que quem detém o poder autárquico ainda pouco ou nada fez para o garantir”- isso também é culpa de quem os elegeu… Ou não será?
Estimados José Fernandes, António Alves Fernandes e João Duarte, obrigado pelos vossos comentários. A recuperação e a preservação do património popular é de facto da maior importância para as nossas terras, pelo que importa colocar em prática um programa que garanta essa recuperação.
Sei bem, João Duarte, que o programa da CDU o contemplava e que outros disseram em programas eleitorais que valorizariam o património, mas a verdade é que quem detém o poder autárquico ainda pouco ou nada fez para o garantir…
paulo leitão batista
Porque as pessoas não votam em Programas (nem os lêem). Votam nos Partidos e, principalmente, nos que arranjam tachos ou empregos… Esta é a verdade
Esses 2 moinhos têm dono…
Isto estava no Programa da CDU nas Autárquicas 2013… Quase ninguém ligou.
Parabéns por este oportuno texto, que espero que aqueles que tem poder politico o leiam.
Na Bismula, este património está em ruinas, mas alguns recuperáveis. Haja vontade.
Caro PLBatista:
Os moinhos de água, que funcionavam nas margens das ribeiras e rios são na verdade elementos importantíssimos do património cultural do mundo rural.
Eles permitiram que durante muitos anos o grão se transformasse em farinha que depois era convertida em pão e alimentava as gentes.
Preservar, proteger, divulgar, estes elementos é um dever dos poderes públicos e particulares.
Será que os moinhos recuperados não poderiam ser um incentivo para eventuais passeios pelas margens dos rios? Seriam concerteza.
Preservemos os moinhos pois isso ajudará a preservar e defender os rios.
Jfernandes