Uma aldeia no Interior Centro-Norte anima-se de vez em quando e isso é motivo de grande esperança. Como se animam muitas outras e ainda bem. Um passeio a 27 de Junho, um mês e tal antes da Festa de Santo António e o relato da Festa da Caça fazem esta crónica n.º 232, para si especialmente.

Foi a Festa da Caça. No início de Maio. Dois dias e peras: «(…) assim se passaram dois dias de Festa divertidos e agradáveis», escreve Daniel Machado, um dos maiores entusiastas deste Festa que tem de se realizar todos os anos: «É um favor que lhe peço», disse o Presidente da Câmara, Eng.º António Robalo, ao Presidente da Junta, António Marques.
Assim será. Mas nem só de Festa da Caça vive o Casteleiro, como adiante se vê de imediato…


27 de Junho – Passeio do Centro de Animação Cultural
O Centro de Animação Cultural do Casteleiro quer continuar a cumprir o seu objectivo: trazer alguma animação e cultura aos associados e seus amigos.
Este ano, está a organizar para o dia 27 de Junho um passeio ao Norte, Gaia e proximidades:
– Caves da Real Companhia Velha (Vila Nova de Gaia),
– Almoço no Parque das Merendas D. Maria Pia,
– Visita ao antigo Mosteiro da Serra do Pilar.
Como é sabido, da Serra do Pilar tem-se do Porto e de Vila Nova de Gaia uma vista única, deslumbrante. Para já não falar da magnitude da paisagem do Rio Douro.
Bem escolhido, este destino. O Miradouro é Património da Humanidade.

E a Festa da Caça? Correu bem!
Já é um clássico da minha terra, quase um mito aldeão: a Festa da Caça, criada há meia dúzia de anos, tornou-se de repente num momento alto do Casteleiro.
António Marques, Presidente da Junta, fez o balanço: «Importa aqui referir a resposta que grande maioria dos casteleirenses dá a eventos como a Festa da Caça. Naturais, descendentes, amigos, nos dias da Festa rumam à Aldeia. Vêm de todos os cantos do país e mesmo de França para participar na Festa. E a Aldeia transborda de som, as ruas enchem, os largos ganham cor. O Casteleiro vive. A todos eles um grande Bem- Haja.» (In «Viver Casteleiro»).
O passeio equestre foi presenteado com um «agradável» dia de chuvinha. Mas nem isso estragou o convívio e os momentos interessantes de quem quis associar-se.
Vi as fotos e gostei… (Aqui.)
Aprecie então o vídeo que foi entretanto publicado, com imagens… (Aqui.)

«Dolente na tarde calma», sim!
E quando a nossa tarde é amenizada por este som? Oiça o que é que acontece na aldeia quando o sino irrompe pelas aldeia, atravessa as casas, segue pelas ruas e ribeiros, pelos caminhos e veredas e se espalha pelos campos. Oiça… (Aqui.)
É algo de mítico, algo de profundo. É uma memória gravada para sempre nas nossas memórias: faz parte integrante do ADN de cada um de nós, aqueles que nascemos na aldeia, ali vivemos os primeiros anos da nossa vida, aqueles em que se formam as recordações para uma vida inteira. Ali crescemos e dali muitos de nós partimos, uns mais cedo, outros mais tarde. E por mais que tenhamos andado pelas sete partidas do mundo, nunca, mas nunca mesmo nada apagará este tipo de vivência.
Lembro-me muito bem de andar na Serra com a minha mãe e ouvir já muito sumido, quase ao nível zero da mesa de mistura que é a nossa constituição física, o sino a dar as horas. Sem relógio no pulso ou no bolso, as pessoas orientavam-se na mesma: o relógio da torre encarregava-se de falar com cada um e avisar:
– Olha que já são horas de ires preparar o almoço!
E as pessoas contavam as badaladas em voz alta e tudo:
– Uma… duas… três… quatro… cinco… seis…
E por aí adiante, conforme o caso. Sempre com aquela ritmada lentidão dormente e monótona que pode ouvir neste magnífico vídeo (melhor desta magnífica ideia de colocar o som no «Facebook» da terra).
Só quem fosse insensível e desterrado é que não sentiria o coração a recordar «o sino da minha aldeia», que, realmente, bate as horas «dolente na tarde calma», como escreveu Fernando Pessoa, muito bem trazido aqui pelo autor da publicação. Registo o mérito da ideia mais simples do mundo…

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Notas
1 – Repito o apelo: visite e faça-se membro desse magnífico Grupo do «Facebook» chamado «Descendentes do Concelho do Sabugal». Já somos quase seis mil Membros: descendentes e amigos. É… (Aqui.).
2 – Como costumo aconselhar, volto a sugerir que consulte todos os dias o «Serra d’ Opa», gazeta regional: no Facebook… (Aqui.)
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«A Minha Aldeia», crónica de José Carlos Mendes
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