A política, como forma de atuação democraticamente legitimada, deveria colaborar para o enriquecimento humano. Desse ponto de vista, ela nunca seria desprezível.
No entanto, o que na realidade se constata, é que alguns dos que a exercitam tornam-na uma realização menor fazendo sobressair uma egolatria enorme onde os egos de uns se tentam sobrepor aos egos de outros. Assim se caminha até ao ultimo argumento do mando situado numa perigosa proximidade da usurpação do poder.
Passa-se isto em vários patamares da sociedade, a vários níveis de política. Entre os galhos de um poder de pura conveniência e de um orgulho primário sobem os oportunistas como macacos. Figuras mais ou menos públicas de maior ou menor relevo batem-se em jogos pouco limpos que, apenas poluem e sujam. São atores de praça pública que fingem lançar-se em grandes epopeias encandeados pela luz dos seus próprios interesses.
É aqui que brota o meu enjoou perante tais «pequenos/grandes» poderosos que ferem e traem com o intuito único de manter em alto um sui generis proveito económico cumulado com egos imensamente medíocres. Sem a traição e sem a mentira todo o seu poder se esboroaria num abrir e fechar de olhos.
Claro que nem todos os políticos fazem parte desta estirpe. Mas, são demasiados os que a integram e vivem na ilusão de um poder que chamam democrático e que a todo o custo tentam manter.
Mas, na realidade, é duvidosa a legitimidade de um poder assim. É verdade que se esforçam pela sua fundamentação. Também é certo que o impingem sempre que podem. Mas, esse mundo onde se julgam senhores e reis, só existe se nós nos convencermos de que é real.
Há, sim, um outro mundo em que precisamos de acreditar. Situa-se do outro lado e a outro nível e eles, de tão envolvidos, até se esquecem que existe. Apesar de tudo, é um mundo bem real onde mantemos, intactos, os nossos valores e as nossas convicções e onde nos permitimos aguardar por melhores dias.
Para além disso, os olhos deles nunca enxergarão a beleza do céu azul que sobrevoa a rua e, aí, poderemos nós edificar a nossa pequena vingança.
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«Terras do Jarmelo», crónica de Fernando Capelo
(Cronista no Capeia Arraiana desde Maio de 2011)
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