Decorreu, no penúltimo sábado de Maio, mais um encontro de ex-alunos do Fundão e da Guarda, dos respectivos Seminários.

No ano em que se celebra o centenário de uma instituição que durante tantos anos recebeu e formou milhares de jovens, o seminário está fechado, sem alunos. O seu guardião é o Pároco do Fundão – Jorge Colaço -, que além de zelar pela manutenção, tem alguns projectos agrícolas, recebendo grupos de jovens e adultos, principalmente nos fins-de-semana. Lá o encontramos com a sua simpatia, acolhendo os cerca de duzentos ex-alunos e famílias, que participam neste encontro anual. Muita saudada a presença de D. António dos Santos, Bispo Emérito da Diocese da Guarda.
O Bispo da Diocese salienta que os cem anos do Seminário do Fundão abriram caminhos para valores, fortalecendo os laços de amizade. Destaca a qualidade do ensino, a disciplina e os hábitos de trabalho. Revela que há boas perspetivas e apela para que todos sejam construtores de uma sociedade humana e humanizante, embaixadores da mensagem evangélica nas comunidades.
Nada melhor do que ouvir o testemunho de alguns ex-alunos que frequentaram esta casa, onde iniciaram o seu futuro.
Agostinho Vaz, agente de Autoridade, Louriçal do Campo, Castelo Branco: «Estes encontros são benéficos para recordar, é um dia diferente. Gostava de ver aqui ex-alunos mais jovens. Devia fazer-se um esforço para os contactar e divulgar o evento. Aqui o ensino era diferente de qualquer escola, era um ensino global, intenso e de valores.»
António Santos Mateus, enfermeiro, Orca, Fundão: «Recordar os meus tempos de infância, que me ajudaram muito para a minha vida. Aqui recolhi valores humanos, espirituais e culturais, que procurei cultivar ao longo da minha vida.»
José Inácio Fernandes, bancário, Malcata, Sabugal: «A minha presença na confraternização dos antigos alunos deve-se às raízes aqui criadas e ao meu crescimento na vida, tanto no aspecto humano e moral. Aqui fomos moldados para a vida. Não fomos sacerdotes, mas podemos contribuir para que o mundo à nossa volta seja mais justo. Também venho para matar saudades com os amigos, recuperar forças para continuar a missão que nos foi determinada. Um abraço para todos.»
António Lourenço Marques Gonçalves, médico, Souto da Casa, Fundão: «Recordar e valorizar o que pode ser valorizado. É um lugar onde crescemos e passámos o tempo fresco da formação. Rever os amigos que se fizeram e ficaram. Muitas recordações ligadas a pessoas e acontecimentos, que fazem parte de nós.»
Pedro Fernandes, gerente bancário, Santa Eufémia, Pinhel: «Com muita alegria que participo neste Encontro Anual. Não foi uma manhã submersa, mas uma aurora radiosa, que deu inicio a uma vida, com continuidade até hoje com graças e benefícios. O Seminário deu-me formação moral, social, humana, cívica e principalmente religiosa. Este Encontro é um matar saudades da nossa meninice, o Encontro amistoso e fraternal, com amigos que considero irmãos.»
António Amaro Monteiro, professor de Filosofia e Psicologia, Aldeia da Dona, Sabugal: «Alguém disse que a cultura é tudo o que fica depois de se esquecer tudo o que se aprendeu. O Encontro Anual dos Antigos Alunos é algo que se assemelha a esta noção de cultura. Depois de alguns sonhos vividos no interior destas instituições, depois de alguns anos de aprendizagem, da vivência fora do Seminário, depois da mudança de estado civil e profissional, depois dos filhos e outras responsabilidades, há algo que continua a unir os milhares de jovens que passaram pelos Seminários. Esse algo reflecte-se naquele abraço de solidariedade e de saudade quando se reveem e torna-se mais expressivo quando se encontra na Casa que os viu crescer. O Encontro Anual assume, pois, o momento privilegiado de matar saudades e bom convívio. É sempre bom que estes encontros se realizem e se prolonguem pela vida fora.»
No final da tarde, ainda com os ecos musicais da Tuna da Academia Sénior do Fundão e no paladar as cerejas do Fundão, os «pupilos» partiram para os seus destinos, com vontade de no próximo ano voltarem.
Alguém desabafa: «Que seriamos nós, se não tivéssemos frequentado o ensino, no Seminário?»
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«Aldeia de Joanes», crónica de António Alves Fernandes
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Março de 2012.)
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