Depois das eleições regionais (chamemos-lhe assim) na vizinha Espanha e destas ter resultado um mosaico político diferente daquela a que estamos habituados, o surgimento de novos movimentos políticos veio baralhar o cálculo do poder.
O PP foi o partido mais votado, ainda, mas com uma diminuição significativa de votos. O resultado final, o do exercício do poder, ainda está para surgir. A análise destas eleições só se fará, na minha opinião, quando se realizarem eleições legislativas.
O resultado ainda está por surgir porque, os resultados, na sua maioria e nas principais cidades e regiões, obrigam os partidos tradicionais e vencedores a acordos. Ora, muita da análise só pode ser feita depois de estabelecidos esses acordos e alianças. Acredito que, o uso que for feito do voto neste acto eleitoral «intermédio» terá consequências nas legislativas.
Muito se tem escrito acerca do surgimento destes novos partidos ou movimentos. As causas, a génese, a ideologia… etc. Para mim a explicação foi revelada pelo presidente do governo espanhol, líder do PP, Mariano Rajoy que, perante os resultados disse que iria governar mais próximo dos cidadãos. Um governo, um político, em democracia, que não esteja ao serviço dos cidadãos, é ilegítimo. Ora, é precisamente essa a razão que está na génese destes movimentos e partidos. A distância com que os partidos, ditos tradicionais, e dos políticos em relação aos cidadãos, tem sido a causa do alheamento e afastamento dos cidadãos. Então na faixa etária mais jovem é alarmante. Não admira o surgimento destes movimentos. Mas é isso a democracia.
Em Portugal, a política vai-se fazendo numa espécie de caldeirada. O governo, que há muito entrou em campanha eleitoral, vai fazendo de conta que governa fazendo campanha. Estes meses, até às eleições, são um desfilar de propaganda. Contudo, vai aprovando e impondo legislação e tomando decisões que vão para além da legislatura. Da parte da oposição vão-se apresentando pré-programas ou indícios de programas. Nada, ainda, de verdadeiramente concreto. E aí, o mesmo se passa do lado do governo.
Mas o que falta à política é verdadeiramente um plano ou estratégia a médio/longo prazo para o país. O que queremos para Portugal daqui a 10, 20 anos, na educação, na saúde, na justiça… e não uma governação de «terra à vista». Em que, quase tudo, muda a nova legislatura. Sem avaliar o que foi feito.
Falta a Portugal regressar à política. Onde cada força política apresente o seu projecto. Sem delírios e promessas vãs. Mas com a clareza e transparência exigidas em democracia. De forma que a sociedade não se sinta traída e enganada. De maneira a devolver a política e a gestão da res publica aos e para os cidadãos.
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«A Quinta Quina», opinião de Fernando Lopes
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