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Página Principal  /  Pedaços de Fronteira • Vale de Espinho  /  Rembrandt e a Sinagoga portuguesa de Amesterdão
23 Maio 2015

Rembrandt e a Sinagoga portuguesa de Amesterdão

Por Joaquim Tenreira Martins
Joaquim Tenreira Martins
Pedaços de Fronteira, Vale de Espinho amesterdão, joaquim tenreira martins, rembrandt Deixar Comentário

Uma viagem a Bruxelas, sobretudo quando comporta vários dias, partilha-se sempre com uma outra à Holanda e quase necessariamente a Amsterdão, a Veneza do norte, notável pela sua beleza, mas também pela sua tolerância (que já se vai perdendo, tem de se dizer!), a acolher gente de todos os quadrantes, num ambiente de cidade multicultural.

Rembrandt - retrato de Isac e Rebeca, também designado «A Namorada Judia»
Rembrandt – retrato de Isac e Rebeca, também designado «A Namorada Judia»

Amesterdão é também a cidade do grande pintor Rembrandt van Rijn (1606-1669) onde teve lugar a excepcional exposição que apresentou os quadros dos últimos anos da vida deste grande artista, no Rijksmuseum.
Ao contrário de Rubens que é excessivo e grandioso, Rembrandt vive num mundo de sensibilidade exacerbada. Inventa o murmúrio e a intimidade. Não nos distrai com muitas cores porque o que lhe interessa é a intensidade fixada no preciso momento que escolheu para nos surpreender.

Tal como os holandeses que não pensam senão conquistar constantemente a terra ao mar, como na tradição flamenga, também Rembrandt é um homem da terra e não lhe interessa a perfeição. O seu objectivo é a admiração que o quadro provoca no observador, através da leveza das composições para sublinhar apenas a expressão das suas personagens.

Nos últimos anos da sua vida Rembrandt representava regularmente as personagens mergulhadas no seu interior e assim o observador poderia imaginar e solidarizar-se com a sorte dessas pessoas. Mas em vez de contar histórias com várias personagens, com rasgados gestos ou lindas paisagens, Rembrandt pretendia mostrar a força psicológica que se transmite através de uma ou duas pessoas, muitas vezes fazendo realçar o conflito interior, poupando os pormenores e reduzindo as informações para dar a possibilidade de sonhar, de ler a história com toda a liberdade e de até nos poder projectar naquilo que estamos a observar.

Quem não se emocionará ao observar o quadro pintado em 1665, designado a Namorada Judia? Rembrandt dá uma grande importância à ternura amorosa pelo leve contacto dos dedos de Rebeca que perpassam docemente sobre os de Isac. Também o olhar nos deixa sonhar, imaginando o amor de uma jovem perplexa e ao mesmo tempo confiante porque o rico Isac já ornou o seu corpo dos melhores ornamentos de tal maneira que é impossível recuar, percebendo que o melhor é entregar-se nas suas mãos e ter confiança.

Amesterdão comporta também um edifício emblemático e imponente que é a Sinagoga Portuguesa de Amesterdão, situada próxima do centro histórico da cidade, a qual não deixa nenhum português indiferente.

A Sinagoga Portuguesa de Amesterdão no século XVII
A Sinagoga Portuguesa de Amesterdão no século XVII

Embora seja um motivo de orgulho porque a nação portuguesa se expandiu até ao norte da Europa, não deixa de ser considerada trágica a errância sofredora da comunidade sefardita expulsa de Espanha e de Portugal, no tempo dos Reis Católicos e no reinado de D. Manuel I.

Circunstâncias favoráveis teriam ocasionado a fixação dos judeus portugueses: a Holanda lutava pela consolidação da sua independência que os Reis Católicos tinham dominado e queriam afirmar-se como país de religião protestante. Portugal sofria do jugo filipino (1580-1640) e do qual pretendia libertar-se. Foi por isso que muitos espanhóis se rotulavam de «portugueses» para evitar a conotação de serem originários de um país então inimigo da Holanda.

Interior da «Sinagoga Portuguesa de Amesterdão»
Interior da «Sinagoga Portuguesa de Amesterdão»

Muitas figuras ilustres, de renome internacional, saíram desta comunidade sefardita: filosóficos, banqueiros, fundadores de companhias de comércio. E ao respirar o ar imbuído de tanta tradição naquela grandiosa sinagoga, que ainda conserva o nome de portuguesa, pensei no sagrado dever de Portugal acarinhar os seus cidadãos a viver longe da sua pátria.

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«Pedaços de Fronteira», opinião de Joaquim Tenreira Martins

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Joaquim Tenreira Martins
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