Nas novas adições à letra C, no que se refere ao falar de Riba Côa.

Aqui encontramos os seguintes fenómenos fonéticos:
1 – Síncope de vogais átonas: carabineiro, chever, c’lharão, c’lhões da abrótea, coteviê, cotevelo.
2 – Palatalização: caixa-pexêgos, chosquiê.
3 – Metátese: cabrunco, Calros, corcha.
4 – Redução do ditongo: cais, caisqueras, cal, calquera, cando, cé da boca, cóvel, Códrazais, colhada, cortilho, cove-naba.
5 – Desnasalação: co, C’stantino, Cucição, costepação.
6 – Assimilação: cintieirê, ciroilês.
7 – Deturpação de palavras cultas: cabrunco, caixené, camilos, casa da beleta, cobejão, coitela, cristê drubeda, cunsemério.
8 – Ditongação: çareija, çarejeirê, ceasteis.
9 – Manutenção da surda: Conçalves.
10 – Dissimilação: çanteio.
11 – Nasalação: cinfar.
12 – Fricatização: Cezíliê.
13 – Hepêntese: caliador.
Novas Adendas à letra C
Cabeça de gado – cada um dos animais do rebanho.
Cabeça do dedo – polpa do dedo.
Cabeçada – cabresto, também em Quadrazais.
Cabeceirê – almofada; travesseira.
Cacada – loiça velha.
Cação – ovelha velha.
Cachorro – cão da chaminé.
Caçoilo – caçoila pequena, também em Quadrazais.
Cadela – fome.
Cadilhê – prego grosso e comprido.
Cais – quais.
Caisqueras – quaisquer. Também se diz caisqueres.
Caixeirito olaré – jogo de meninas.
Caixené – lenço da cabeça.
Cal – qual.
Caldeirê – pequeno caldeiro de cobre para fazer o arroz doce.
Caliador – caiador.
Calquera – qualquer.
Calros – Carlos.
Camilos – caninos.
Cando – quando.
Cantareirê (pôr) – adular; ser cínico.
Çanteio – centeio.
Cantiguês de luar – quadras cantadas à noite à volta do povo com concertina.
Carabeneiro – carabineiro.
Çareija – cereja.
Çarejeirê – cerejeira.
Carrego (descobrir o) – revelar um segredo.
Carro (bêbado que nem um) – muito bêbado.
Casa da beleta – cálice da bolota.
Casamento (pássaros) – bando de pássaros que enegrece o céu.
Cava – acto de cavar a vinha.
Cavalo de parada – cavalo de cobrição, também em Quadrazais.
C’vela – cada uma das camadas de trigo espalhadas na eira para a malha
Cé da boca – céu da boca.
Cear – jantar.
Ceasteis – ceastes.
Ceifador – ceifeiro.
Celga – acelga
Certo (de) – de verdade.
Cezíliê – Cecília.
Chaminé (candeeiro) – manga do candeeiro a petróleo.
Chamorro – rude; grosseiro.
Chapas – rasto do carro.
Chapéu (à farronda, à marromba) – chapéu posto de lado.
Charrueco – charrua pequena.
Chega! – modo de chamar as vacas.
Chinchelro – pessoa magra.
Cinfar – ceifar.
Cintieirê – centeeira.
Ciroilês – ceroulas.
Clamação – fazer barulho.
C’lhões da abrótea – tubérculos da abrótea.
Co – com.
Cobejão – cobrejão, manta de trapos velhos rasgados e tecidos no tear.
Cobrão – eczema em volta do tronco com a configuração de uma cobra. Atribui-se à passagem de cobra pela roupa que se veste.
Códrazais – Quadrazais.
Coiro (de pitê) – pele arreciada.
Coiros – pedaços de orelha, pele e rabo do porco com que se enche o bucho depois de temperados.
Coisíssema – nada (em coisíssima nenhuma).
Coitela – cautela.
Cólhada – coalhada.
Comporta – porta de trás da carroça.
Conçalves – Gonçalves. Termo usado para se referirem ao Zé Conçalves da Torre.
Cordas d’incarrar – cordas para atar a carrada de pão ou palha.
Cornelho – fase do jogo do bono; topónimo em Quadrazais.
Corricho! Corricho! – forma de chamar o porco.
Córtilho – quartilho.
Costepação – constipacção.
Coteviê – cotovia.
C’rrer (a) – correr(a); ainda não é tempo.
Cotevelo – cotovelo.
Côtos dos dedos – falanges.
Cova do braço – sovaco.
Cove-naba – couve que se semeia mais no Verão.
Covujê – acto de meter a lenha na cova para fazer carvão.
Coxambra – coxo.
Cravo (moço como um) – moço bonito.
Cravo – Também em Quadrazais.
Cristê drubeda – crista dupla.
Cristê singela – crista simples.
C’stantino – Constantino.
Cu (ter… com) – vaidoso.
Cu de poia – diz-se do que tem o rabo pesado.
Cubê – bêbado.
Cucição – Conceição. Também se diz Cunceição.
Cumpanha – companhia.
Cunfessenário – confissionário.
Cunsartinê – concertina.
Cunsemério – confissionário.
Cunversar – conversar.
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