• O Primeiro…
  • A Cidade e as Terras
  • Cronistas
  • Documentários
  • Ficção
  • História
  • Acontecimento Ano
  • Personalidade Ano
  • Ficha Técnica

Menu
  • O Primeiro…
  • A Cidade e as Terras
  • Cronistas
  • Documentários
  • Ficção
  • História
  • Acontecimento Ano
  • Personalidade Ano
  • Ficha Técnica
Página Principal  /  Casteleiro • Opinião • Viver Casteleiro  /  As marcas da Revolução
01 Maio 2015

As marcas da Revolução

Por Joaquim Gouveia
Casteleiro, Opinião, Viver Casteleiro joaquim gouveia, revolução 2 Comentários

A pobreza e a miséria estavam estampadas no rosto dos homens, mulheres e crianças, verdadeiros escravos de um país cinzento, «à beira-mar plantado» e orgulhosamente só perante o mundo.

Militares da 5ª Divisão do MFA em ação de sensibilização - Capeia Arraiana
Militares da 5.ª Divisão do MFA em ação de sensibilização

As ruas lamacentas a contrastar com a falta de água nas habitações, as galinhas pelas ruas, o chiar dos carros de bois logo de madrugada, as crianças mal agasalhadas a caminho da escola; os aerogramas, a cartas com selo francês engordavam a sacola do carteiro. As mulheres, de lenço negro à cabeça, transportavam consigo a ausência dos filhos, subtraídos por uma guerra desumana e injusta, enquanto os maridos tinham entregue a sua sorte a uns passadores, ávidos de escudos, pesetas, francos…

Esta era a paisagem, fria e desumana, de uma aldeia a quem a História se encarregou de martirizar. A guerra, a emigração, o analfabetismo percorreram todas as ruas, todas as famílias da aldeia, até que um dia … 25 de Abril de 1974.

Como dizia Sophia de Mello Breyner, «Esta é a madrugada que eu esperava/O dia inicial inteiro e limpo/… E livres habitamos a substância do tempo». Sim, rapidamente os ecos da Revolução dos Cravos chegaram à aldeia!

Quem não se lembra do papel da 5.ª Divisão do MFA nas Campanhas de Dinamização Cultural e Acção Cívica, privilegiando o contacto directo com as populações rurais e preenchendo o vácuo cultural e de informação política existente em todo o País, com particular incidência no interior, caracterizado «pelo subdesenvolvimento cultural e político».

O actual Centro Cultural do Casteleiro, então pertença da senhora dona Maria do Céu, foi palco dessas acções, de esclarecimento político e cultural. Lauro António esteve lá, juntamente com os militares da 5.ª Divisão, em plena missão de «politizar» o povo. O salão enchia, tal era ânsia de conhecer o então desconhecido, de perceber os primeiros sinais da Revolução, de ver e ouvir peças de teatro de autores como Brecht, Luís Sttau Monteiro, entre outros, tão em voga neste tempo renascido.

Entretanto esta «casa do povo» era ocupada e, um grupo de jovens, com o sangue a fervelhar nas veias, tomou mãos à obra e criou o Centro Cultural do Casteleiro, que até hoje tem servido de teto à sede da Junta de Freguesia, ao Posto Médico (atualmente na antiga escola das rapazes), à Associação da Caça e Pesca, para além de outros eventos de caráter coletivo.

Também no âmbito da Acção Cívica e Cultural das Forças Armadas as crianças do Casteleiro viram instalado o primeiro e único parque infantil (perto da escola nova, agora encerrada por falta de alunos), oferta da Comissão de Trabalhadores da Lisnave. Escola que pela primeira vez via sentados, lado a lado, rapazes e raparigas com uma alegria contagiante, capaz de derrubar o muro que até então separava o espaço de recreio de ambos os sexos. Agora, a escola unia o que até então separava. Agora, a escola passaria a abrir as suas portas ao mundo, às novas ideias, a novas fontes de saber.

Tal como aconteceu noutros períodos da nossa História, também em 25 de Abril de 1974 o povo soube dizer PRESENTE, assimilando e preservando os ideais da Revolução, como bem evidenciam as escolhas políticas que vem fazendo ao longo destes 41 anos de Democracia.

:: ::
«Viver Casteleiro», opinião de Joaquim Luís Gouveia

Partilhar:

  • WhatsApp
  • Tweet
  • Email
  • Print
Joaquim Gouveia

Origens: Casteleiro :: :: Crónica: «Viver Casteleiro» :: ::

 Artigo Anterior Dissenso
Artigo Seguinte   Efemérides 2015 – 2 de Maio

Artigos relacionados

  • Natal em tempo de pandemia

    Quarta-feira, 9 Dezembro, 2020
  • Cacadas

    Quarta-feira, 11 Março, 2020
  • Reinventar a Escola

    Quarta-feira, 5 Fevereiro, 2020

2 Comments

  1. Joaquim Luís Gouveia Responder
    Segunda-feira, 4 Maio, 2015 às 23:03

    JFernandes

    Claro que sim! O nosso povo estava ávido de informação, pronto a receber os novos ventos desta revolução. O papel da 5ª Divisão foi, sem dúvida, decisivo para “culturação” dos menos esclarecidos, que era a maioria dos portugueses.
    Passados que são estas quatro décadas após a Revolução, oxalá que o espírito de abril de 1974 persista e se rejuvenesça diariamente.

    Abraço

    JGouveia

  2. JFernandes Responder
    Sexta-feira, 1 Maio, 2015 às 23:08

    Caro JGouveia:

    Por muito que muitos, e ás vezes os mais esclarecidos, condenem os “exageros” que do ponto de vista político se praticaram a seguir ao 25 de Abril, em que a célebre 5ª. Divisão do Movimento das F Armadas teve um papel dominante no que se refere ao esclarecimento cívico, não podemos, mesmo hoje a esta distância esquecer como era o nosso pais antes daquela data.
    Era, foi, parece-me a mim natural, que tivessem ocorrido exageros quando um povo, está amarrado e de repente alguém corta as cordas.
    Isso foi o que aconteceu. Todos tinham necessidade de saber coisas. por isso enchiam os salões dos diferentes Casteleiros É normal que assim tenha sido.
    jfernandes

Leave a Reply Cancel reply

Social Media

  • Conectar-se no Facebook
  • Conectar-se no Twitter

RSS

  • RSS - Posts
  • RSS - Comments
© Copyright 2021. Powered to capeiaarraiana.pt by BloomPixel.
loading Cancel
Post was not sent - check your email addresses!
Email check failed, please try again
Sorry, your blog cannot share posts by email.