Perguntamo-nos, frequentemente, a quem pode favorecer a burocracia ou se ela favorece alguém.

É evidente que o burocracismo não torna um sistema mais simples nem, tão pouco, o clarifica. Antes constitui um pesado e cinzento ónus que dificulta o desenvolvimento das diferentes acções. Ainda assim, o burocracismo é, amiúde, confundido com segurança. Falta, no entanto, provar que a burocracia pode equivaler a cautela ou prevenção.
A ideia que acaba por imperar é que as dificuldades de funcionamento apenas aumentam com o acréscimo burocrático.
A burocracia corresponde, assim, a uma excelente ferramenta capaz de garantir (apenas a alguns) o uso impróprio dos recursos de um sistema.
Como?
Pode dizer-se que, devido ao seu peso, o processo burocrático torna-se pouco eficiente e é, comprovadamente, pouco transparente e pouco rigoroso. Sob a sua complexidade escorrem, muitas vezes, interesses pouco claros. Desta forma se verifica uma capa opaca, protectora e facciosa sobre os expedientes.
Os recursos são, privilegiadamente, utilizados por quem os conhece melhor ou por quem, através de influências indevidas, melhor se consegue movimentar. São esses que sabem das fontes e dos meios. São esses que, através de conhecimentos sombrios, melhoraram e acautelam interesses próprios.
Desta forma uns quantos se vão nutrindo por dentro do sistema e, sim, desse ponto de vista, há quem o burocracismo possa favorecer. Os que dele vão beneficiando, continuam a protegê-lo, continuam a mantê-lo em alta e a colocar a transparência em baixa.
Desmistificada, então, a questão da segurança e posta em causa a limpidez do sistema burocrático surgem, evidentes, as vantagens da simplicidade, da clareza, do acesso igualitário e poder-se-á concluir que a burocracia em nada favorece a qualidade da democracia.
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«Terras do Jarmelo», crónica de Fernando Capelo
Concordo com o autor do texto quando refere o excesso e a opacidade da burocracia. Considero-me uma pessoa organizada e consciente do caos que seria a falta dela mas a exigência de papelada, justificações, grelhas….com o argumento “é para nos salvaguardarmos” cansa-me. Salvaguardar-me de quê, de quem? Parece-me que somos uma sociedade insegura e desconfiada…e a cultura do medo (se não cumprirmos todas as burocracias!) vai-se instalando. Bom,sempre teremos a opção de nos tornarmos uns “robots”!!!!!!!
Amigo Capelo :
Um burocrata é alguém que considera tudo o que faz correctíssimo ! É vaidoso e arrogante, dificulta qualquer procedimento, desde dar um simples pão a um pobre, até à construção de uma casa.
O Estado teve muita culpa nisto, e ainda continua a ter.
Adeus amigo Capelo