Ludwig Fenerbach, filósofo alemão do século XIX, entre o muito que disse e que escreveu, deixou isto: «O Homem é o que come e o que bebe.» Um grande materialista que esqueceu que os bens da alma também são importantes. ou seja, os mais importantes, sem eles a vida não tem sentido.
O materialismo burguês imperante, fruto de um sistema político-económico e dos valores que orientam o Homem neste período histórico que a Humanidade atravessa, tem uma característica muito própria, o auto-centrismo.
O que é o auto-centrismo? É a prioridade do EU sobre a comunidade, já dizia uma das precursoras do materialismo burguês Neoliberal, Margaret Thatcher: «Não há sociedade, simplesmente indivíduos ». A este individualismo, o individuo materialista burguês, só lhe interessa a sua promoção pessoal e elevação material, mesmo que tudo isto só possa ser alcançado arruinando os outros. A vida para ele é um campo de batalha e ânsia de despojos, quer ser mais poderoso do que os outros (rico). É incapaz de uma elevação moral, o individuo materialista burguês é o que é, porque não tem qualidades para poder ser outra coisa.
A sociedade portuguesa está transformada numa sociedade materialista burguesa, pensando bem querido leitor(a) podemos chamar-lhe sociedade? Claro que não! Vivemos numa negação de sociedade, na negação mais absoluta, quem aceita as regras do jogo da competência, da concorrência, da injustiça a todos os níveis, da corrupção, do abastardamento da política e de outras grandes anomalias, aceita automaticamente a rivalidade e a hostilidade como formas de convivência, ou seja, a eliminação do outro.
O que acontece a quem não consegue viver numa sociedade destas? Ou enlouquece, se suicida, ou se isola. A tendência ao isolamento voluntário, é muito frequente em pessoas com uma vida interior intensa e com espírito sensível.
Termino com as palavras de um poeta que também se isolou voluntariamente: «Eu pertenço à solidão, que necessito não necessitar a nada, que toda a minha força nasce deste distanciamento, por isso rogo aqueles que me amam que amem também a minha solidão.»
Querido(a) leitor(a), noutras épocas históricas não tão materialistas como a que presentemente vivemos, para se ser reconhecido socialmente tinha de se eleger uma conduta humana ou moral que despertasse admiração e respeito dos outros. Agora, só se admira e respeita o que mais corrompe e se corrompe, o mais desumano e o mais ignorante!
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«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2008)
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