O desenvolvimento de um concelho como o do Sabugal, inserido numa zona deprimida por efeito da fraca densidade populacional, tem de contar com acções diferenciadoras, que aproveitem as suas riquezas únicas e a originalidade das suas tradições.

Temos de «oferecer» o que não se encontra noutros lugares. Dentro desta ideia é fulcral evidenciar o que é genuinamente nosso e que muito dificilmente outros territórios podem disponibilizar.
A capeia, enquanto tradição tauromáquica popular, é única e é nossa. O mesmo sucede com o castelo das cinco quinas, o bucho raiano, as tradições etnográficas e históricas do contrabando e da emigração. Também é nossa a Serra de Malcata, os cinco castelos (que outros concelhos têm igual número deste tipo de monumentos?), o rio Côa e as suas praias fluviais…
Felizmente não nos faltam exemplos de potencialidades que podem dar lugar a «marcas» diferenciadoras. O desafio é trabalhá-las e dar-lhes expressão pública de modo a que muitos aqui venham tomar contacto com esse algo que outras terras não poderão oferecer.
Porém ainda não se discutiu o melhor modo de tirar partido da capeia arraiana, fazendo com que essa tradição única no mundo seja chamariz para a promoção do concelho. Por outro lado, a aldeia medieval de Sortelha parece condenada a definhar, depois de um período áureo em que esteve no topo das visitas às aldeias históricas portuguesas. Esta peculiar aldeia medieval está agora prejudicada com a plantação das eólicas, que lhe destruíram a paisagem, e afugentaram os visitantes. O mesmo sucede na Serra de Malcata, onde as ventoinhas gigantes tomaram posição dominante e avassaladora, que corrompe a paisagem natural.
Já o núcleo histórico da antiga cidadela do Sabugal permanece abandonado, e sem perspectivas de futuro. Nada lhe devolve a dinâmica que chegou a ter quando ali existiu a Casa do Castelo, espaço museológico e comercial de iniciativa particular que teve de fechar portas por ausência de apoios.
Com esse encerramento morreu também a Feira Franca – um pequeno e simbólico mercado de antiguidades que ali se realizou periodicamente.
O tempo urge e é vital olhar para as potencialidades e deitar mão a algo que proporcione uma iniciativa diferenciadora que possa trazer algo de positivo às nossas terras.
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«Contraponto», opinião de Paulo Leitão Batista
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