:: :: CODESSEIRO :: :: Ao conceder forais a determinadas aldeias, as ordens militares ou o Rei reconheciam a sua importância para a defesa ou consolidação do território nacional. Codesseiro em que o foral foi atribuído por D. Manuel I no século XVI os motivos terão sido outros, pois há muito que o território estava consolidado.
Codesseiro é uma freguesia do concelho da Guarda, localizada na sua parte mais a norte, fazendo fronteira com o concelho de Pinhel.
A grafia do nome da freguesia, aparece por vezes escrita como Codeceiro, mas na verdade o nome deriva de uma planta leguminosa, existente na zona e que merece destaque no brasão da própria localidade.
A planta que originou o nome da freguesia, é o codesso, daí que, a grafia com dois ss seja aquela que a planta originou e por isso seja geralmente adoptada.
Esta localidade foi sede de um Município medieval tendo-lhe sido dado foral por D. Manuel I em 12 de Novembro de 1519. Este Município, que tinha apenas uma freguesia, teve uma duração curta de sensivelmente 200 anos, após o que passou a integrar o concelho do Jarmelo como se disse… [aqui]
Com a extinção do município do Jarmelo, em 1855, Codesseiro passou a integrar o concelho da Guarda.
A zona envolvente da cidade da Guarda, não foi, durante a época medieval uma zona em que os municípios tivessem florescido. Provavelmente isso ficou a dever-se a vários factores de que destacaria:
Por um lado, a forte presença que a cidade da guarda sempre teve sobre toda a sua envolvente, que fruto da altitude, é imensa;
Por outro, o facto de toda a envolvente ser extremamente montanhosa e agreste o que diminui as potencialidades agrícolas.
Comparemos por exemplo com a zona confinante a sul do Rio Douro em que o facto de os terrenos terem uma grande fertilidade permitiu a existência de inúmeros municípios medievais.
O pelourinho de codesseiro tem características muito particulares, assemelhando-se em quase tudo ao do Lamegal. O do Lamegal possui uma base de rocha granítica natural, onde o pelourinho foi incrustado. Aqui apenas a base é diferente, já que, o aspecto fálico de ambos é muito semelhante.
Este pelourinho não faz parte do inventário elaborado em 1935 pela Escola Superior de Belas Artes não se encontrando justificação para esse facto pois não restam dúvidas que o monumento existia naquele local, e deve ter sido edificado na altura da criação do Município.
A envolvente do pelourinho foi tratada com um enquadramento simpático que utilizou materiais próprios da zona. Um único senão: Será que não podia ter sido encontrada uma solução mais simpática para o poste de energia e fio do telefone?
Na parte mais a norte da povoação de Codesseiro, localiza-se o que resta de uma torre, que indicia que naquele local terá existido um castelo. Estudos e achados recentes levam-nos a concluir que aquela povoação foi muralhada e desempenhou ao longo dos tempos um papel militar de relevância. O local é estrategicamente inacessível o que, a par da sua cota altimétrica elevada que permite a visibilidade de longo alcance lhe acabou por conferir uma importância grande.
As invasões francesas como aconteceu em muitos outros locais desta região, provocaram uma destruição que nunca mais permitiu que algo de semelhante ao que existia ali fosse construído. Até essa data e principalmente durante as guerras da restauração esta fortaleza desempenhou um papel importante.
O brasão da actual freguesia de Codesseiro reflete ainda a sua característica municipal, pois possui 4 torres a encimá-lo, o que é uma característica dos brasões dos Municípios. O brasão reflete ainda o nome da povoação, reproduzindo o codesso, que é uma planta selvagem e leguminosa. Para além disso a existência da torre, que reproduz os sinos, nada tem a ver com as muralhas mas sim com as características religiosas da população. É uma torre sineira e por isso com características diferentes das torres de vilas muralhadas.
Em 2013, na sequência da reforma administrativa que ocorreu, a freguesia de Codesseiro manteve o seu território dentro do município da Guarda e continua a existir como freguesia… [aqui]
A Zona envolvente desta freguesia é muito agreste mas nem por isso deixa de ser bela, principalmente durante a parte final da primavera em que os montes cobertos de giestas e codesso floridos, exibem uma paisagem que só apetece admirar. Vamos ver codesso em Codesseiro.
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«Do Côa ao Noémi», crónica de José Fernandes (Pailobo)
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