No editorial da «Revista Flor de Liz», de Janeiro de 2015, órgão oficial do Corpo Nacional de Escutas, sob o título «Novo Ano, Novas Páginas», o director António Theriaga chama a atenção para as novas rubricas.
A primeira denominada «Conhece o teu Escutismo», onde irão ser abordadas as vinte Regiões Escutistas de Portugal. De cada Região serão escolhidos dois Agrupamentos, dando a conhecer a todos os leitores as boas práticas escutistas, os bons exemplos de actividades e as soluções que os agrupamentos vão encontrando para aplicação de métodos escutistas.
O director esclarece que seria importante falar de cada um dos cerca de mil e trinta agrupamentos nacionais activos, mas é impossível uma referência individual. Assim, tiveram de fazer uma opção e escolher uma metodologia selectiva que assenta nos pontos já mencionados.
Nesta Revista de Janeiro foram seleccionados dois Agrupamentos da Região de Beja, o Agrupamento 314 de Moura, fundado em 1969, desenvolvendo diversas actividades de carácter religioso e social, fazendo parte da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens; e o Agrupamento 581 de Vila Nova de Santo André, fundado em 1979, grande defensor da ecologia do litoral alentejano e da Reserva Natural das Lagoas de Santo André e da Sancha.
A segunda rubrica é abordar o tema, nunca abordado na Revista, «O Escutismo em tempo de Guerra».
Se consultarmos o Livro «História do Escutismo em Setúbal e na Região», da autoria do Chefe Francisco Alves Monteiro, edição do autor, lá encontramos referências a esta temática, que remonta aos anos em que se desenrolava a luta pela independência dos povos africanos, onde muitos de nós estivemos envolvidos e consequentemente muitos milhares de escuteiros. Muito nos ajudou a passagem pelas fileiras dos agrupamentos escutistas, nomeadamente na organização, disciplina, orientação, montagem de equipamentos e tantos outros conhecimentos técnicos.
Francisco Alves Monteiro aponta-nos um texto da autoria do dirigente Rui Canas Gaspar da Região de Setúbal, sob o título «Um escuteiro na tropa», publicado na «Flor de Liz», num período em que não era fácil escrever em liberdade.
Em Angola, Moçambique, Guiné, palcos de guerra, muitos escuteiros cumpriram os seus deveres de militares – um serviço obrigatório.
Na Guiné, um grande grupo de Caminheiros do Clã n.º 1 de Setúbal prestou serviço militar. Entre outros, estavam Rui Canas Gaspar, Mário Salgado, Francisco Alves Monteiro, Válter Taia, Ricardo Soromenho. Em tertúlia numa esplanada de um Café em Bissau, surgiu a ideia de fundar um Boletim Escutista, «com a finalidade de ser um elo de ligação de todos os escuteiros», entre a Metrópole e a Guiné.
Contaram com o apoio do Chefe Vicente da Região de Santarém e do Félix Assis da Região do Porto. Assim, em 1971 nasceu o «Balafom», nome consensual por se tratar de um instrumento musical africano tipo xilofone, aplicando-se este termo também a uma festa Balanta (uma das etnias guineenses), onde era utilizado esse instrumento musical.
Francisco Alves Monteiro escreveu no seu livro que «o grande objetivo deste Boletim escutista era enviar mensagens a todos os escuteiros com uma acção profundamente humana e cristã. Era inserido numa temática variada, sempre assente e fundamentada na trilogia basilar, «Formar – Informar – Distrair».
No Museu do CNE em Lisboa, encontrará exemplares históricos do «Balafom», a voz de alguns escuteiros que andaram na guerra…
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«Aldeia de Joanes», crónica de António Alves Fernandes
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Março de 2012)
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