As eleições gregas foram ganhas pelo partido Syriza. Um partido colocado ideologicamente na esquerda, mas mais para a esquerda do que para o centro. Até aqui nada de novo. Todas as previsões o davam como vencedor, a única dúvida estava se a vitória era ou não com maioria absoluta.
O grande slogan era o fim da austeridade. Depois vêm uma série de posições de política interna. Contudo, a grande batalha deste partido centra-se no combate á austeridade. Não importa aqui discutir em pormenor quer o programa da austeridade quer o programa do Syriza. Mas convém ter em atenção dois aspectos: a realidade em que a austeridade colocou a Grécia e, o outro, o que pode fazer a Grécia.
Quanto ao primeiro aspecto, importa referir que a política imposta pela União Europeia nos países intervencionados pela troika levou ao empobrecimento de milhões de cidadãos, à humilhação de nações, simplesmente porque se seguiu de forma carneirista uma política alemã.
Sim. A Alemanha impôs uma política de miserabilismo aos outros porque, egoisticamente, se sentia confortável. O segundo aspecto, é que a Grécia disse não a essa política. Colocando a tensão na União Europeia. É a Comissão Europeia que tem que entender que o caminho e o objectivo que tem querido impor não tem resultado. Veja-se a intervenção do Banco Central Europeu há poucos dias. Por necessidade, provando que as políticas seguidas não têm tido os resultados pretendidos.
As reacções que se seguiram à vitória do Siriza é que me deixaram perplexo. O fulano que é primeiro-ministro em Portugal, referiu que «aquele partido que ganhou as eleições na Grécia» é mentiroso, porque fez promessas que não pode cumprir. E de seguida elencou uma série de razões que… se não conhecesse a voz (de tal fulano) e não estivesse a ver as imagens, pensaria que era um alemão a falar. Mas o fulano, num exercício de retórica (em que é bom) perguntava como se fazia isso. Pois bem, dois pequenos achegas. O primeiro, é que o fulano que assim falava e punha em causa as promessas do outro, é o mesmo que antes das eleições fez promessas e que não cumpriu nenhuma. Ou seja, está acusar o outro daquilo que ele mesmo fez. A segunda, é que, talvez, nem que fosse academicamente, lhe passou pela cabeça de que é possível haver outro caminho. Será que nunca pensou que é possível haver alternativas à política soprada pela sra. Merkel e seus acólitos? Estou convencido que não.
Portanto, as eleições na Grécia, trouxeram para a discussão pública a questão política do papel da União Europeia. O que fará a Europa, se preferirem a Alemanha, perante esta nova questão? É que o fenómeno pode ser repetido na Inglaterra, na Espanha, na França. E em Portugal? Aqueles partidos que governam, aniquilaram-se às normas austeritárias e optaram por serem mentecaptos. Os sicranos que estão na oposição, uns procuram encontrar um rumo sem quebrar uma espécie de politicamente correcto, outros entretêm-se em jogos do contra, mas inócuos.
Não, em Portugal estamos demasiado habituados a obedecer e a não fazer ondas. É, «o povo é sereno».
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«A Quinta Quina», opinião de Fernando Lopes
O problema foi que o PS grego, o PASOK , ficou com menos de 5% dos votos…