Ainda do tratado «Estudos Etnográficos, Filológicos e Históricos», de Augusto César Pires de Lima, extraímos alguns procedimentos, por vezes um pouco bizarros.

Para afastar as aves devoradoras de espigas de cereais ou mesmo de árvores frutíferas, vão os lavradores ter com um homem que seja enganado pela mulher. Pedem-lhe que aguce um pau, sem dizer o fim para que o desejam.
Em seguida, dão três voltas com o pau em redor do campo, dizendo:
Passarinho larga tudo
Que aqui está pau de cornudo…
Dadas as voltas, espetam o pau no campo e os pássaros desertam, sem debicar seja o que for.
Outros usam uma foice espetada num grande pau. Há também quem ponha numa árvore um cântaro rachado.
Também se pode recorrer a um ramo de pinheiro, com duas ordens de galhos.
Entre os galhos, metem dois paus a que chamam rebolos. O espantalho, a que dão o nome de galheiro ou forca, é um aviso para os donos das galinhas. Se estas entram no campo, matam-se com os rebolos e dependuram-se neles.
Em alguns povoados, dependuram-se mortas aves daninhas à agricultura, para amedrontar as outras.
Nas figueiras, cerejeiras, campos de painço, estacadas de feijões, sementeiras de ervilhas, aparecem muitas vezes bonecos de palha ou de pau, e mesmo simples farrapos de pano ou papel, para afugentar gaios, melros, pardais, papa-figos e que tais…
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«O Concelho», história e etnografia das terras sabugalenses,
por Manuel Leal Freire
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