:: :: VALHELHAS :: :: Ao conceder forais a determinadas aldeias, as ordens militares ou o Rei reconheciam a sua importância para a defesa ou consolidação do território nacional. No caso de Valhelhas em que o foral foi atribuído por D. Sancho I logo após a sua conquista aos mouros teve como principal objectivo a defesa e o povoamento.
Valhelhas é uma freguesia do concelho da Guarda, localizada na sua parte mais a Sul onde confina com o distrito de Castelo Branco. Perto da sede da freguesia, passa o Rio Zêzere depois de ter deixado para trás as montanhas da Serra da Estrela, onde nasce. A serra da Estrela é a nascente de dois dos maiores Rios Portugueses: O Mondego e o Zêzere. O primeiro circula para este contorna a serra deslocando-se para norte e depois para oeste desaguando no atlântico na figueira da Foz. O segundo faz um percurso parecido, deslocando-se para este e depois para Sul indo engrossar o Tejo. É na parte de fora da viragem para sul, deste rio que se localiza Valhelhas.
Foi D. Sancho I que deu, em 1188 foral a Valhelhas. A vila foi depois doada a um um fidalgo da corte D. Gomes Fernandes.
Quando o concelho foi criado, tinha duas freguesias para além da sede – Gonçalo e Vale de Amoreira. O foral foi confirmado por D. Afonso II em 1217 e posteriormente por D. Manuel I em 1514.
O concelho de Valhelhas foi extinto em 1855 e nessa altura era constituído pelas freguesias anteriores e ainda Famalicão, Aldeia do Souto, Sarzedo, Aldeia do Mato e Verdelhos sendo desde então integrada no concelho da Guarda
Esta Vila possuiu muralhas e Castelo cuja origem foi uma fortificação romana. No entanto com as invasões francesas em 1810, a artilharia francesa destruiu o que restava daquele monumento.
Ponte sobre o rio Zêzere
A ponte sobre o Zêzere é um dos monumentos mais interessantes de Valhelhas. Esta ponte foi classificada Monumento de interesse público em 2007… [aqui]
Totalmente construída em granito, é uma obra de arte da historia da localidade, que pode ser visitada e atravessada de forma pedonal.
Pelourinho de Valhelhas
O Pelourinho de Valhelhas que é do século XVI denota a importância que esta Vila tinha na altura da sua edificação. Se reparar-mos bem, o soco onde assenta o pelourinho possui 7 degraus o que é raro. Por norma a importância das localidades no contexto medieval também se media por esta característica física dos pelourinhos. Importância proporcional ao numero de degraus sem no entanto existir, que se conheça uma escala graduativa dessa característica.
O Pelourinho de Valhelhas foi classificado imóvel de interesse público… [aqui]
Este pelourinho constava do inventário que foi mandado elaborar em 1935 à Academia Nacional de Belas Artes… [aqui]
Brasão de Valhelhas
O Brasão de Valhelhas recorda o passado Municipal desta localidade, pois possui quatro torres prateadas a encimá-lo. Percebe-se a referência ao Rio que banha as redondezas desta terra – Zêzere –, assim como à cultura que durante muito tempo foi uma das principais daquele local, principalmente nas margens do rio. A torre central do brasão e bem assim as cruzes da Ordem dos Templários e de Cristo são elementos que denotam a importância que esta terra teve para a Ordem dos Templários que depois de D. Dinis foi «transformada» na Ordem de Cristo para resolver uma questão diplomática resultante da extinção da primeira delas. Os símbolos heráldicos desta freguesia foram publicados no Diário da República, II série de 20 de Julho de 2009.
Lendas é coisa que não falta numa zona como esta. Quando associado às lendas aparece toda a ligação saudável entre duas localidades que ao longo do tempo disputaram o protagonismo local Valhelhas e Famalicão a situação é ainda mais interessante. A lenda a que me estou a referir tem como base o Convento do Senhor Bom Jesus ou Convento do Mato Grosso e deu origem a um livro «O Convento» de Daniel António Neto Rocha… [aqui]
A beleza do local onde se encontra a povoação de Valhelhas, as águas calmas do Zézere que até parece que fizeram um desvio no seu curso para banharem a zona próxima da aldeia, a Praia Fluvial que aquele curso de água proporcionou que se fizesse, os recursos naturais que no dominio da pesca de trutas o rio permite, são ttudo aperitivos para que nos desloquemos a Valhelhas. Vamos até lá.
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«Do Côa ao Noémi», crónica de José Fernandes (Pailobo)
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