Leia querido(a) leitor(a), uma pequena estória para ver onde pode levar o zelo excessivo, neste caso religioso.

Quase toda a gente conhece o caso da Samaritana, a Samaritana da Bíblia, a Samaritana do Evangelho de João. Mulher pecadora, com uma vida moralmente duvidosa. Deu de beber a Cristo junto ao poço de Jacó, onde ela estava a encher os cântaros com água para levar para casa. As outras mulheres evitavam-na, por isso ela foi abastecer-se a uma hora imprópria, meio-dia, a essa hora as outras mulheres da povoação estavam a preparar a refeição.
Na conversa que teve com Cristo, este disse-lhe que sabia bem quem ela era, entre outras coisas, que tinha tido cinco maridos e que agora vivia com outro que não era dela. Cristo disse-lhe isto não no intuito de a acusar, nem tão pouco de lhe dar nenhum conselho para acabar com tantos casamentos e tantos homens, pelo contrário, viu nela uma mulher de bom coração, uma mulher que tinha nascido para amar, em todos os aspectos, por isso a elogiou e revelou-se-lhe como o Messias. Ela então corre à povoação e anuncia que encontrara o esperado.
Agora a estória do zelo excessivo. Há uns tempos, a televisão alemã entrevistou um bispo católico e perguntou-lhe se daria a comunhão a um divorciado, o bispo respondeu que não. Um dos entrevistadores perguntou-lhe então se daria a comunhão a uma mulher que tivesse já trocado de marido cinco vezes e agora estivesse com um sexto que não era dela, indignado, o bispo disse que nunca o faria! O entrevistador disse-lhe então que essa mulher a quem ele recusava a comunhão e excluía da salvação era a Samaritana que Jesus encontrou junto ao poço de Jacó. O bispo levantou-se e abandonou a entrevista.
Moral da estória, Deus é misericordioso e tolerante, o Homem é intolerante.
Querido(a) leitor(a), veja o que é o fanatismo religioso e o ódio causado por ele: no século XVI, os dominicanos da santa inquisição orgulhosamente autocognominavam-se os «Cães do Senhor», com tudo o que isso implicava…
No século XXI são praticadas chacinas impressionantes «em nome de Alá». O ódio nasceu com o Homem e morrerá com ele, é um rasgo ôntico. Por isso, do século XVI ao século XXI, dá a impressão que ainda não avançamos um passo em matéria de ódio e intolerância religiosos, mas já lá vão 500 anos!!!
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«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2008)
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Gosto e aplaudo.
Cumprimentos
vc