Continuamos debruçados sobre o livro «Estudos Etnográficos, Filológicos e Históricos» de Augusto César Pires de Lima.

Eis algumas transcrições:
Não se deve ocultar a gravidez, pois, encobrindo-a as crianças nascem feias.
As mulheres grávidas não devem cheirar flores, sob pena de o filho nascer com rosetas pelo corpo.
Se uma mulher grávida tocou numa flor com a mão e puser esta, antes de a lavar, numa parte qualquer do corpo, a criança nascerá com essa flor pintada na parte correspondente do seu
A mulher grávida que coma baço de qualquer animal, ou simplesmente tocar naquela víscera, sem lavar as mãos, verá que o filho nascerá com uma pinta na cara.
Também não é bom andarem as grávidas com gatos ao colo, para que as crianças não nasçam com pelos nas costas.
É igualmente perigoso matarem aves, transgressão que pode dar lugar a polidáctila –dedos a mais – ou sindáctila – dedos pegados…
Aquelas deformidades podem resultar de outras causas – escarnecimento, pragas com razão.
Mas se alguém nascer com dedos a mais, não se lhe devem reduzir a cinco, porque todos são dádivas de Deus.
Duas senhoras viram numa romaria um mendigo que nascera só com um braço. Não lhe deram esmola, pois os filhos que a seguir lhe nasceram foram igualmente hemimelos – isto é – tinham também só um braço.
As crianças nascem com o cordão umbilical pelo pescoço, se as mães tiverem passado, quando grávidas, por baixo de corda ou arame.
Quando a mulher grávida se senta num cesto vazio, o filho será muito alto, sucedendo o contrário se sentar numa vasilha acoagulada.
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«O Concelho», história e etnografia das terras sabugalenses,
por Manuel Leal Freire
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