O frio, lá fora, aperta. E não deixo de gostar do frio… o recorte do horizonte, visto pela janela, apresenta-se de um laranja avermelhado, simulando um entorno de tinta por cima da abóbada celeste. É lindo! O trepidar do fogo, nas minhas costas, traz-me, de novo, à realidade. Diante da folha branca que se me presenta, percorro rapidamente a memória e, é a primeira vez que escrevo no primeiro dia do ano.
Confesso que gostaria de escrever coisas boas, esse tipo de desejos e ilusões que gritam por volta da meia-noite do dia 31 de Dezembro para o dia 1 de Janeiro. Não se evita, contudo de, por esta altura, se deitar um olhar, ainda que discreto e rápido, para o ano que finda. 2014 é o culminar de um trajecto que se perlongará por 2015. O trajecto iniciado por este governo, até agora, mostra quão vazio era o seu projecto político. Ao fim destes três anos, este governo, deixa um lastro de destruição de emprego, logo economia enfraquecida. Pior educação, pior investigação e ciência e pior serviços de saúde. Caos na justiça. Cortes em pensões, salários e apoio social.
O que cresceu com este governo foi o desemprego, os impostos, a emigração, a pobreza e a descrença. Aumentou a dívida, aquela a que prometeram combater e, para isso nos têm sacado o dinheiro. Portanto, o país, neste último ano, assistiu à guerra do governo com o Tribunal Constitucional, revelando ignorância e desrespeito pela constituição. À inqualificável incompetência do ministro da Educação. Ao fecho de tribunais e paralisia da justiça. Enfim, a uma governação que nos conduz à desgraça.
Assistimos à mudança de liderança no Partido Socialista através de eleições directas. À convenção Bloco de Esquerda, que passa de uma direcção bicéfala para uma que não se sabe bem como funciona. A um CDS tipo barata tonta. A um PSD sem identidade.
Mas foi o ano dos vistos Gold e da prisão de José Sócrates. O ano em que corrupção se confundiu com política e modus vivendi. O ano dos Faces Ocultas e Montes Branco. O ano em que cai e desaparece o Espírito Santo, não o da Trindade católica, mas a família que «mandava nisto tudo». Provando a promiscuidade da política com a finança.
É, também, o ano em que se elege um presidente para a Comissão Europeia que durante anos roubou impostos aos países seus «compagnons». Os mesmos que agora irá dirigir e que, para não variar, vai pedir sacrifícios. Como vinha defendendo hipocritamente.
É o ano em que, repetidamente, se provou que não existe Presidente da república. O mundo continua em guerra.
É. Não foi um bom ano. O que me amargura é que o que aqui vem não augure nada de melhor. Façamos figas para que eu esteja enganado.
p.s.1 – O que se passou na última Assembleia Municipal (26.12.2014) foi o já useiro e vezeiro abuso de poder. É esta a noção de democracia destes senhores. Deveria envergonhar quem lhe confiou tal tarefa. Mas, infelizmente, envergonha todo o concelho.
p.s.2 – Bom Ano a todos.
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«A Quinta Quina», opinião de Fernando Lopes
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