«Um Estado débil, cujas relações se estabeleçam apenas com outro mais forte ou com um núcleo coeso mais forte, terá sempre a sua sobrevivência comprometida ou, pelo menos mantida apenas na aparência, sendo remetido a um estatuto para-colonial», António de Spínola (Portugal e o Futuro).

Na nossa vizinha Espanha, país do Sul da Europa, debaixo das directrizes económicas e políticas alemãs, saiu à luz do dia um escândalo de exportação ilegal de medicamentos que pôs em risco doentes espanhóis por falta de abastecimento.
Distribuidores, e perto de 200 farmácias transaccionaram medicamentos num valor superior a 50 milhões de euros, medicamentos de elevada procura e insubstituíveis no tratamento contra certo tipo de cancros, no tratamento para evitar rejeições em transplantes e anti epilépticos.
Valendo-se de subterfúgios, distribuidores e farmácias enviaram os medicamentos para a Alemanha, Dinamarca, Holanda e Inglaterra, onde os venderam a preços que nalguns casos chegou aos 800% de lucro. O que podemos concluir deste criminoso acto de corrupção? Que os Povos dos países mais débeis económica e politicamente da União Europeia, neste caso os doentes, estão numa posição inferior como seres humanos, em relação aos Povos ricos do Norte da Europa. Isto é colonização, isto faz-se em África, onde muitos Povos são escravizados pelos seus dirigentes políticos, e pelos poderosos países como os Estados Unidos, Alemanha e França. Neste caso, foram tão corruptos os que enviaram os medicamentos, como os que os receberam.
E em Portugal nunca houve esta tentação de «exportação» de medicamentos para os países ricos? Eu já duvido de tudo, esta corrupção, e outras, são resultado da incompetência de um sistema que prioriza a acumulação privada de riqueza em detrimento dos Direitos Humanos, um sistema que mercantiliza a vida. Não há salvação para os Povos do Sul da Europa dentro deste Neoliberalismo e egoísmo alemães.
Como não podia deixar de ser, tenho a minha opinião em relação ao que aconteceu a José Sócrates, mas já há muito tempo! Isto que aqui vou transcrever é do meu artigo de 22 de Maio de 2012, intitulado, «Os Sepultadores»:
«José Sócrates: um tipo sem sensibilidade social, que se dizia socialista, aproximou-se mais da ditadura do que da Democracia, com ele aprendemos que a política do posso, quero e mando, não pertence só às ditaduras e aos regimes autoritários, este homem mostrou-nos com grande evidência que a Democracia contém dentro dela um enorme potencial coercivo e impositivo. Com ele, Portugal começou a regredir e nível económico, social e político. A corrupção grassou impunemente, com ele começou o desmantelamento do Estado social em Portugal. Governou para ele e para quem o manteve no poder». Com isto não quero dizer que dentro do Partido Socialista não haja homens e mulheres honestos e verdadeiramente socialistas democráticos. Não sou como a senhora Josée Frouin que foi membro da secção francesa da Liga dos Direitos do Homem, que um dia exclamou já deveras aborrecida com o rumo da política do PS francês: “Où sont les socialistes?”»
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«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2008)
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A corrupção, que em termos sociais se pode desenhar como uma circunferência grande que contém uma boa parte, mas não toda, de uma circunferência muito mais pequena, que será a corrupção em termos legais e se considera crime; é sempre danosa para a sociedade. Pondo de parte esse conceito social, que aliás é o mais importante. A corrupção que a lei acolhe é mais ou menos o pagamento de favores, antes, depois ou eventuais; sobretudo em termos de funcionamento da máquina pública, ou equiparado. O que origina essa corrupção? A meu ver será porque as pessoas não são íntegras. Porém talvez isso não fosse suficiente para ter a amplitude que tem. Assim, considero que são as más leis ou más regras que temos que acabam por fomentá-la. E por vezes até a postura administrativa, se por exemplo for dito ao funcionário: és obrigado a indeferir sempre que for possível; ou se ao invés: és obrigado a deferir sempre que for possível. Em termos simplistas, esta última postura é anticorrupção. Se os países da Europa conseguissem ter 10 ou 15 anos sem haver desemprego, muitos males sociais curavam-se por si mesmos. Mas era necessário uma nova cultura, muitos economistas estão convencidos que sem desemprego o capitalismo que desejam sucumbia, mas estou convencido que estão enganados, o desemprego não é um dado adquirido e imprescindível à chamada economia de mercado.
Caro Emídio
Cumprimentos
Joaquim.