Há-os por aí, os bons e os maus. Há os vulgares e os medíocres que são muito menos que vulgares.

Os medíocres exibem, quase sempre, pose indiscreta. Surgem exuberantes, faladores, vazando sonoridades, poluidores. Não faltam mesmo se os não chamam. Consideram-se fulcrais. Disfarçam-se em gargalhadas antes, entre e depois do que dizem. Dizem sem dizer e fazem sem fazer. São intencionados e convencidos. Os risos que despregam são forçados, são risos estúpidos. Não sabem sorrir… São medíocres!
Muitos medíocres pretendem passar os crivos da vida. Querem subir e sobem. Conseguem-no por alheamento dos outros e chegam a mandar. Quando mandam já não riem. Também não sorriem porque não sabem. Afoitam-se a respeitos que não merecem e que raramente conseguem. Usam e abusam do mando. Não fazem mas exigem!
Defendem a sua própria permanência no mando palmilhando caminhos pouco claros na obsessão de outras e outras oportunidades.
No entanto, ficam-se, normalmente, por patamares mais ou menos rasteiros que lhes permitem, ainda assim, a satisfação do ego e alguma visibilidade. Acima disso é quase impossível. Faltam-lhes as asas e ainda bem.
Mas, com o andar do tempo e o correr de certas carruagens, eles têm conseguido romper o teto. Começa a ser cada vez mais vulgar vê-los lá, bem no cimo, irradiando mediocridade.
Ser competente é coisa diferente. É seguir um impulso nascido na base e construir um caminho alicerçado em capacidades comprovadas conseguindo imposições sólidas. É voar noutros ventos, num habitat diferente que nem todos conseguem atingir. E isso não é coisa para medíocres.
Como diria um velho amigo que sempre se exprime em linguagem de caserna, o problema só surge quando os básicos se convencem de que podem ser generais.
Mas, porque me terá fugido a pena para este assunto?
Estará o amigo leitor surpreso e eu próprio confesso que também estou. Claro que prefiro outros temas. Claro que assumo, outros objectivos.
Claro que, neste assunto, me sinto estranho. E questiono-me, sim, sobre a verdadeira razão desta escolha.
Ter-me-á surgido o tema porque a mediocridade merece ser criticada? Ou será porque os medíocres entraram na moda?
Ora, pensando bem, julgo que por nenhuma destas duas razões. Dei comigo a falar de medíocres por razões de fadiga, porque estou cansado deles.
:: ::
«Terras do Jarmelo», crónica de Fernando Capelo
Caro FCapelo:
Compreendo o seu cansaço
Mas se falamos nos medíocres eles já atingiram um dos seus objectivos: Que falem deles.
Se decidirmos ignorá-los, sentímo-nos mal e eles atingiram de novo os seus objectivos: podem fazer o que quiserem que ninguém os critica ou põe em causa.
Logo, a mediocridade é que está a dar e tem sucesso garantido.
Prefiro cansar-me e pelo menos dizer-lhe que são medíocres.
jFernandes
Um tema muito oportuno! Goste da clareza do desabafo.Estamos rodeados desses medíocres de que fala. Galitos armados em galarozes, que querem à força estar na ribalta! Nem se dão conta da triste figura que fazem. Tem toda a razão em estar farto deles, estamos todos.Talvez um dia o Mundo mude!
Amigo capelo :
Estamos instalados na mediocridade, mas a mediocridade tem um nome – Chico Espertismo – este é o nome dado à mediocridade em Portugal. Aliás, quando um tipo qualquer « singra » ainda se diz : « É esperto », não se diz « É inteligente ».
A melhor frase que eu li sobre idiotas foi aqui no Capeia Arraiana – O maio prazer dos homens inteligentes é fazerem-se passar por idiotas , perante idiotas , que tentam passar por inteligentes.
António Emídio