Alcínio Vicente fala-nos da sociedade consumista de hoje, que classifica de efémera, descartável, volátil e viciada em emoções.

Sociedade do efémero
Efémera é a beleza das rosas
A vida das mariposas
O relâmpago que rasga os céus
A volatilidade do fumo
A noite e o dia que se tocam sem sair da escuridão para a luz
É a vida que acaba quando a extremidade das pontas dum círculo se tocam
Efémero é o silvo que anuncia a partida do comboio
Efémero porque fugaz contrariamente ao que tem valor e perdura
Somos a sociedade do descartável
Sequiosa do sensacionalismo
Consumista
Fingida
Das modas
Sociedade de alienados
Viciada em emoções
Geradora de mitos com pés de barro
Efémera é a ascensão e queda de ricos e poderosos
Sociedade dos doutores, dos políticos dos artistas dos atletas… de aviário
Época de mudanças, de ruturas com o passado, com costumes, com tradições e valores
É um mundo em movimento alucinado, por vezes parece ficcionado
Nas relações laborais, o emprego, era para toda a vida, hoje transformou-se num drama para os desempregados e jovens á procura do primeiro emprego
Novas exigências e valências, actualização de competências, qualificações e constantes reciclagens
Novas ferramentas de trabalho como o domínio da informática são vitais
As auto-estradas da informação, são janelas abertas para o mundo, rompendo todas as barreiras da ciência e da cultura
Fazendo do mundo uma aldeia global
É angustiante saber que passamos pelo mundo sem deixar um registo indelével da nossa passagem
Tudo o que fazemos hoje é como se fosse gravado na espuma do mar, numa nuvem ou na arreia do deserto que será apagado pela água ou o vento na sua passagem
Ao longo da História, o Homem teve um tempo em que a sua ocupação mental foi virada para Deus nas diversas manifestações humanas
Depois foi o período da razão e das ideologias
Ficou-se à espera do que nos traria a modernidade, o nosso tempo
O que se lhe seguiu foi o vazio
Sem referências que atirassem o homem para outro patamar, outro estádio superior
Aí está o efémero, porque o tempo tem muito peso, vale muito.
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«Vivências a Cor», expressão de Alcínio Vicente
Concordo plenamente, pois nos dias de hoje apenas se vive de aparências. As relações humanas a cada dia que passa se enfraquecem mais. Na aldeia global dos nossos dias, vamos sobrevivendo a toda a pressão que nos é imposta.