Damos continuidade à apresentação do léxico «O Falar de Riba Côa» com as palavras e expressões populares usadas na raia ribacudana.
Entre os termos REBUÇO e REGUEIRA.
REBUÇUDO – indivíduo natural das Alagoas.
REBULHÃO – monte de algo enrodilhado (Duardo Neves); o m. q. rodilhão.
REBUSCADEIRA – mulher que anda ao rebusco.
REBUSCA-PÉS – bomba de Carnaval.
REBUSCAR – procurar com empenho; andar no rebusco.
REBUSCO – época que se segue ao tempo das colheitas e em que é permitido colher o refugo em terra alheia. Direito sobretudo aproveitado pelos mais pobres.
RECADO – descompostura; ralhete; repreensão (Júlio António Borges).
RECHIMBÉU – pessoa que fala muito mas que nada diz; fala barato; refilão (Júlio António Borges).
RECHINAR – som provocado pela carne a assar ou a frigir.
RECO – leitão; bácoro. Reco-reco: fórmula de chamar o porco.
RECOCAR – fintar; levedar; fermentar (Júlio António Borges).
RECONCA – mulher ordinária, safada. «O azeite está rançoso como tu, sua reconca!» (Carlos Guerra Vicente).
REDADA – quantidade de peixes que vêm na rede de pesca. «Vão tirar a primeira redada» (Joaquim Manuel Correia).
REDANHO – gordura que envolve os intestinos do porco, que forma uma espécie de rede ou véu. Tamb+em se diz redenho. Manuel dos Santos Caria escreve ordenho e refere lenço, como tendo também esse significado. Do redanho fazem-se os torresmos mais apreciados.
REDOLHO – borrego que nasceu tardiamente. Também se chama redolho ao filho mais novo de um casal, quando nascido tardiamente. Maria Leonor Buescu, referindo-se a Monsanto, acrescenta: pessoa fraca, adoentada.
REDONDEIRA – barra de tecido vermelho que se coloca nas saias (Clarinda Azevedo Maia – Fóios).
REDONDEL – pequeno largo fechado por carros de lavoura, carregados de mato, onde se fazem as capeias nas aldeias raianas (Nuno de Montemor).
REDRA – cava das vinhas para a livrar das ervas daninhas (Júlio António Borges).
REDROLHO – gordo como um borrego (Carlos Guerra Vicente).
REFEGO – ruga; vinco (Duardo Neves). Pregas no vestuário (Júlio António Borges). Risco ou cintura que os ovos de duas gemas apresentam do meio da casca (Clarinda Azevedo Maia – Fóios).
REFENA – reparo; advertência; defeito (Júlio António Borges).
REFINCADO – rancoroso (Júlio António Borges).
REFORTAR – deitar à cara; envergonhar. «Para que não reforte» (Joaquim Manuel Correia).
REFREGAR – operação a que se submete o linho antes de espadelar, para os livras das arestas (Clarinda Azevedo Maia). O m. q. amossar ou amoçar.
REFUGO – restos de qualquer coisa; aquilo que ficou após a colheita.
REFUNFUNHAR – resmungar (Francisco Vaz).
REGADA – terreno onde há abundância de água.
REGADEIRA – canal, vala ou rego por onde passa a água da rega.
REGALAR – alegrar; satisfazer; deixar feliz.
REGALONA – à farta; desmedidamente: «comer e beber à regalona» (Abel Saraiva).
REGANHA – arrelia; rancor. Estás-me a meter uma reganha (Júlio António Borges). Inveja (Carlos Guerra Vicente) – meter reganha: fazer inveja.
REGAR A PÉ – quando não era necessário elevar a água para regar, como acontecia quando a água provinha de açude, presa ou mina (Júlio Silva Marques).
REGIR – reger; administrar; governar (Clarinda Azevedo Maia – Fóios). Do Castelhano: regir.
REGOCHO – bocado; pedaço. Regocho de pão (Júlio António Borges).
REGUEIRA – o m. q. regadeira.
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Paulo Leitão Batista, «O falar de Riba Côa»
Na minha aldeia, conhecem-se palavras como:
REBUSCA-PÉS, REBUSCAR, REBUSCO, RECADO, RECHINAR, RECO, REDANHO, REFEGO, REFUGO, REGALAR, REGAR A PÉ e REGUEIRA.