Não se pretende com esta reflexão e exposição desvirtuar o Plano Estratégico do Sabugal (PES 2025) que tem vindo a ser desenvolvido por gabinete contratado pela edilidade do Sabugal, mas tão somente apresentar uma reflexão e preocupação, acompanhadas de humildes sugestões, de um simples natural do concelho, relativamente a números e estatísticas oficiais que evidenciam a significativa perda de turistas no concelho de Sabugal. (Parte 1 de 3.)

Esta reflexão é uma preocupação sobre a região que me viu nascer e a qual gostava muito de ver recuperar alguma da força perdida no decorrer dos tempos.
Apenas se pretende alertar para a necessidade de parar e repensar como melhor intervir para reconstruir uma região, mais virada ou com maior abertura para a projecção nacional, pois poderá ser esta uma forma de inverter a diáspora e envelhecimento acelerados em que se encontra o interior em geral e a nossa região em particular.
Ao ler os «Programas de Atuação e Projetos Âncora e Complementares no âmbito do PES 2025», destacam-se nele projectos ambiciosos mas há algumas realidades, embora subjectivas mas consideradas muito pertinentes que não foram contempladas: inércia, individualismo, fraco envolvimento e falta de motivação das populações em geral e, dos empreendedores locais em particular, que poderão condenar muitos dos Projectos Âncora, caso não seja vitalizada ou haja investimento primário e mais forte na «Identidade Concelho» em prejuízo da «Identidade Freguesia».
O tema que me apraz trazer à consideração, está relacionado com as perdas de visitantes significativamente acentuadas nos últimos quatro anos no nosso concelho assim como a relação deste facto com possível e forte causa directa da estratégia política nacional em prejuízo do interior do país.
Os projectos âncora enumerados no PES 2025, apesar de ambiciosos poderão ser realizáveis desde que, sejam efectuadas em simultâneo, alertas e exigências à Administração Central, para que atempadamente possa ajudar a corrigir a grave assimetria demográfica a que condenou o interior do país em comparação com o litoral.
Senão vejamos a situação a que chegou o nosso Concelho:
Prevendo-se para 2014/2015 grave decréscimo do número de turistas no nosso concelho e sendo esta percepção resultante da análise dos registos estatísticos oficiais dos postos de turismo do Concelho, a saber Posto de Turismo de Sortelha e Posto de Turismo de Sabugal, entende-se por bem e por necessária uma reflexão e análise sobre a condenação que se tem vindo a agravar no concelho.

Estes números oficiais (ver quadro), deveriam ser apresentados em Ministério ou sede própria da Administração Central, para que possam ter consciência das medidas gravosas de condenação ao isolamento e desertificação humana que condenaram toda uma região. Estamos a falar de números que não enganam e não deixam dúvidas, falamos de perdas superiores a 50% em quatro anos, falamos de uma perda de 33465 visitantes. São números gravosos e alarmantes.
Quadro com os dados dos estatísticos dos turistas registados pelos postos de turismo de Sortelha e de Sabugal entre 2008 e 20013.
Os dados estatísticos referentes à procura turística da nossa região são dramáticos e assustadores para todos os que têm investimentos na região, pelo que importa olhar para estes números, para as medidas e estratégias que têm vindo a ser implementadas e desenvolver a melhor análise sobre o que está e não está resultar em termos de plano estratégico das edilidades responsáveis, caso contrário muitos outros empreendimentos irão juntar-se aos muitos que já encerraram portas ou que já cederam às pressões resultantes deste condicionamento a que está a ser vetado o concelho.
Caso não haja uma reflexão e intervenção social e política concertada, que possa ajudar a inverter os números referidos, então os empreendimentos e empresas locais a seu tempo irão ver reflectidos nos seus resultados as gravosas consequências financeiras resultantes daqueles efeitos.
Em Outubro de 2010 começou a pagar-se as Ex-SCUT, esta pode ter sido uma medida punitiva e «castradora» da região, a estocada final e, desculpem o anglicismo, the last but not the least.

As contingências da interioridade já obrigam os empreendedores a estar dependentes de factores como:
– Perda acentuada de residentes, assim como perda de visitas dos naturais (residentes em polos urbanos fora do distrito);
– Se com a criação das SCUT, muitos naturais estavam a regressar e a visitar com maior regularidade as suas terras naturais, com a instalação das portagens, quase regressamos aos anos 70/80. Lisboa, Porto e Coimbra voltaram a ficar muito, mas muito longe;
– Forte sazonalidade na nossa região com taxas de ocupação muito baixas no período de Setembro a Julho;
– Operadores já praticam preços médios de venda baixos e inferiores aos da generalidade das outras regiões.
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(Parte 1 de 3. Continua.)
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«Território dos Cinco Elementos», crónica de António Martins
(Cronista no Capeia Arraiana desde Setembro de 2014.)
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