A solução «circuitos» ou «roteiros», em boa hora lançada pela Câmara Municipal, parece ter perdido fulgor, a avaliar pelos resultados em termos da adesão de restaurantes e de comensais, urgindo redefinir a iniciativa ou «virar a agulha» para outro tipo de realização.
Uma solução pode ser a realização periódica de semanas ou quinzenas temáticas, dedicadas, por exemplo, ao bucho, ao cabrito, aos enchidos, à truta do Côa, às receitas de caça, às variedades do bacalhau, aos míscaros e tartulhos ou à doçaria tradicional.
A semana do Carnaval tem de ser, como este ano o foi, dedicada ao bucho raiano, o sabor mais peculiar das terras sabugalenses, pois é nessa época que por tradição a iguaria se come. Já a semana da truta terá época mais propícia no início da Primavera, tempo em que se pesca no rio Côa. O cabrito tem na Páscoa a sua altura predilecta, embora também isso ocorra no Outono e no Inverno. Já para o bacalhau talvez seja adequado apostar no Verão, altura em que os nossos emigrantes voltam às origens, ansiando por degustar os melhores sabores da cozinha portuguesa.
Mas o ponto essencial para a promoção da nossa culinária pode antes passar pela organização periódica de um concurso gastronómico a que concorrerão os restaurantes do concelho. O objectivo passará pelo incentivo à diversidade, criatividade e qualidade da restauração, apostando na gastronomia como arte e como identidade cultural de um território. Um regulamento escrupulosamente elaborado ditará que cada restaurante apresente uma ementa completa (entrada, sopa, prato principal e sobremesa), que colocará a concurso, com a apreciação de um júri especializado, composto por pessoas ligadas à gastronomia e ao turismo. Durante um determinado período, nunca inferior a um mês, decorrerá a fase de provas, a que se seguirá a deliberação do júri, que atribuirá prémios, incluindo montantes financeiros, assim como diplomas ou outra simbologia.
Urge apoiar os restaurantes na defesa da gastronomia raiana, para que o concelho do Sabugal tire o melhor partido desse importante potencial.
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«Contraponto», opinião de Paulo Leitão Batista