Quando falta a capacidade de saltar, usa-se um trampolim. Assim se chega mais longe. A astúcia está, não na capacidade de saltar, mas na argúcia de obter o melhor dos trampolins.

Existem palcos em que o trampolim se assume como o elemento mais preponderante da vida ativa. Personagens dantescas que vivem no obscurantismo de bastidores, em busca de protagonismos. Como diz o «outro», é a fama ou a vã glória de mandar. Jogadas premeditadas e pessoas usadas como piões num tabuleiro de reis. Por vezes assistimos a autênticos espetáculos de circo, onde faltando as ideias, surgem as oportunidades. Há sempre alguém à espreita. Há sempre malabarismos de oportunismos, onde inteligentes fazem os outros de imbecis.
A república é o cuidado primordial pela «coisa pública», por aquilo que a todos nos diz respeito. Faltam Homens e ideais, capazes de trazer ao de cima o verdadeiro interesse pelas pessoas e suas preocupações.
Continuamos a viver em pequenos circos montados em praças nas nossas cidades. Perfilham-se vontades pessoais em detrimento do verdadeiro interesse cívico, em que o outro é tratado como uma pessoa e não como uma oportunidade de subir na vida. É assim em tudo. Na profissão e na vida. Falta dignidade de caráter. Falta a hombridade de olhar as pessoas olhos nos olhos e de se assumir a responsabilidade dos sucessos e dos fracassos. Vivemos num tempo de deuses menores e não se vislumbram soluções. À inércia da apatia sobressai a gritante angústia do oportunismo dos que espreitam uma janela aberta.
O palco da vida está aí. É em tudo… na vida, no emprego, na religião, na política… Somos personagens. Mas seremos piões? E se os piões se juntarem? E se as jogadas deixarem de ser branqueadas? Precisamos de olhar mais para nós e por nós. Deixar que os outros nos usem para proveito próprio não é lícito nem apela à dignidade. Para tudo na vida pode haver um «basta» e um renascer. Os trampolins da vida estão aí. Argutos e iluminados vão usando e abusando de papéis que, sendo de serviço, não são seus. Existe um «basta» para a inaptidão, para a sobranceria e arrogância. É chegada a hora de um renascer.
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«Desassossego», opinião de César Cruz
César:
Os especialistas no uso do trampolim – não me vou referir aos eleitos, mas aos que os parasitam – têm de ter estas características :
1º Sempre oportunistas em relação à sua « ideologia » política.
2º Considerarem a moral como a debilidade do cérebro.
A partir daqui têm lugar em qualquer lado.
António Emídio
Caro César
Mais uma vez um texto curto mas tão oportuno e tão certeiro…