A imoral, ilegal e inconstitucional apropriação ilegítima, sem reparação, do salário de milhares de funcionários públicos, legitima a denominação dos órgãos de poder do Estado (Governo, Assembleia da República e Presidente), de criminosos em co-autoria.

Durante a longa existência como Nação já tivemos governantes tiranos e corruptos, mas nunca tivemos, como agora, uma trilogia de órgãos de poder que desrespeitasse tanto a Lei e o Povo. Um dos perigos da nossa organização política irrompeu, e estamos a sofrer as consequências do poder legislativo, depositado pelo eleitores nas mãos da maioria da Assembleia da República, se ter misturado com o poder executivo e fundido numa errática concentração de poderes.
Perigo letal é o que representa a captação do poder judicial pela já concretizada fusão do governo com a totalmente submissa maioria parlamentar. Essa hipótese vem tomando corpo, pois há bastantes caciques que demonstram total empenho em tal desfecho. Basta ouvir as insultuosas manifestações de rancor, lançadas contra os Juízes do Tribunal Constitucional, pela alcateia de apoio governamental, para se perceber que corremos o perigo de cair aos pés de uma ditadura sem rosto nem fronteiras, mas com inúmeros e bem colocados infiltrados em todos os órgãos de poder.
Reflexo da perigosa concentração de poderes, é também o facto de mais uma vez o ocupante do Palácio de Belém, que jurou cumprir e fazer cumprir a Constituição, se ter eximido das suas obrigações e de se ter esquecido dos Direitos Fundamentais, o que permitiu que os funcionários públicos, para além dos outros ataques à sua dignidade, fossem esbulhados do dinheiro que lhes pertence.
Agora, tal como outrora o afilhado se dirigiu aos portugueses chamando-lhes piegas, veio o padrinho durante o discurso na Câmara Municipal da Guarda, chamar indirectamente medrosos aos portugueses. Mas, o que o afilhado tenta esconder é que os portugueses não se refugiam na droga, tal como ele, nem obtêm promoção como administradores de empresas sustentáveis pelo investimento feito com dinheiro da União Europeia a fundo perdido. Ao invés, enfrentam com coragem e sofrimento as dificuldades do dia-a-dia. E o que o padrinho tenta esconder é que ao contrário de alguns, que como ele obtêm lucros de investimentos feitos com dinheiro alheio, os portugueses têm medo de investir, pois, quando investem vêem as suas economias serem extorquidas por saqueadores comandados a partir de São Bento e Belém.
Talvez que, o peso da consciência aliado ao aspecto incriminatório dos rostos infelizes e indignados dos militares e civis presentes nas comemorações do 10 de Junho, tenha originado o desfalecimento e a interrupção de mais um discurso despojado de significado e de esperança.
Questiona-se para quê gastar dinheiro em eleições presidenciais, quando para termos uma figura decorativa em Belém poderíamos optar por um sistema parlamentarista, com a nomeação de um figurante menos oneroso e mais agradável.
Os sistemas semipresidencialistas como o nosso, obrigam a que o presidente tenha um papel de intervenção activa na vida social e política e não seja um mero representante do governo. Recorde-se, que para além dos gastos nas eleições, a nossa presidência da república gasta anualmente mais de 16 milhões de euros, ou seja, o dobro do valor que é gasto pela Casa Real Espanhola.
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«Estádio Original», opinião de Luís Marques Pereira
Caro Luís Marques Pereira:
Essa gente chega ao poder com os nossos votos, mas não nos representam, representam o poder económico.
António Emídio