As trovoadas de Maio chegaram. Se, por um lado, é uma bênção, a chuva, por outro, veio em má altura. De um lado estão uns, de outro, estão outros. Para a campanha eleitoral – sim, estamos em plena campanha eleitoral – foi uma bênção. Desta forma, sempre poderão desculpar a fraca adesão do povo.
Verdadeiramente, a campanha resume-se a umas jantaradas e almoçaradas, onde alguns discursos passam nos noticiários. E nestes discursos, o conteúdo é vácuo. Resume-se a um ataque e contra-ataque de uns com todos e todos com uns. O que se tem visto é uma distância gritante com a política e com uma inconsciência da política europeia. Há uma falta de pedagogia da política europeia. É como que se houvesse uma ignorância sobre a Europa e da política europeia. 80% da legislação portuguesa é legislação europeia! Mas, sobre a Europa, o debate político é raro e… errante. O resultado tem sido o número elevadíssimo de abstencionistas. E, no entanto, faz parte do discurso político de campanha a luta contra a abstenção. O que têm feito os agentes políticos para isso? Depois, claro, há a própria Europa. Aqui e por aí, fala-se num interessante argumento de que, nestas eleições europeias, também se elege o futuro presidente da Comissão Europeia. Depois, vem a Sra Merkel e diz que se está a tratar disso nos bastidores. Como ficamos? Esta opacidade europeia é a principal culpada do distanciamento dos cidadãos.
Desta forma, entende-se que estas eleições sejam, muito mais, consequência da política cá do burgo. Lerem-se de outra forma, parece-me, um exercício lírico, mentiroso e fora da realidade.
A notícia que trago esta semana é a de que a Alemanha vai extraditar não sei quantos portugueses que se encontram sem emprego. Não conhecendo os contornos nem as cláusulas e artigos da lei, em que se baseia tal decisão, lembrei-me que, não serão cidadãos europeus? A Alemanha não é um país europeu? A livre circulação de pessoas não existe? Outra questão, porque estarão esses portugueses na Alemanha? À última questão encontro várias respostas. Portugal é o segundo país da União Europeia com mais emigrantes em percentagem da população: 28,8%. Significa, segundo estudos, que, nestes três anos, foi a terceira maior sangria demográfica dos últimos 100 anos, cerca de 300 mil pessoas. A primeira ocorreu na década de 10 e segunda na década de 60 do século passado. Em ambas houve, depois, uma espécie de compensação da população, como o efeito dos «retornados» após o 25 de Abril. Mas agora esse efeito não se prevê. Prevendo-se, sim, uma diminuição da população portuguesa gradualmente.
E aqui chegados, valia a pena discutir o assunto. Que políticas para travar este facto? E este problema, também é um problema europeu.
Por cá, a política foi matando a esperança.
p.s. Permito-me fazer aqui campanha: domingo, vão votar!
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«A Quinta Quina», opinião de Fernando Lopes
Permito-me também fazer campanha: domingo vão votar e, em seguida, faça um filho. Quem sabe, daqui a 9 meses, tenhamos uma nova era. No mínimo, ajuda-se a demografia.,