A linguagem, a forma e o conteúdo político, cá pelo burgo, não se alteraram. Assistimos a um despudor absoluto no que respeita à verdade. A mentira, o embuste e a sobranceria, são hoje a base de quem faz política.
A mais banal das mentiras ficou patente no Documento Estratégico Orçamental com o aumento dos impostos, quando, dias atrás, os responsáveis governativos garantiam que não ia acontecer. É um embuste, porque procura fazer crer que vai haver uma espécie de devolução dos salários e pensões quando, na realidade, essa devolução não passa de um engodo. Na prática, essa devolução dilui-se no aumento de impostos. E vai ser feito num horizonte de cinco anos se. E este «se» vai permitir tudo. Da mesma forma, apresentou-se um documento que faz previsões muito para além da legislatura deste governo. Facto que, me parece, para além de sobranceiro, abusivo. Assim, o rendimento vai situar-se, no mínimo, em 2019, igual ao de 2011. E, todavia, nem uma palavra sobre a inflação, como se ela se mantivesse invariável. E o mundo não muda?
Nesta semana anunciou o sr. Primeiro-Ministro, como se fosse um segredo ou uma revelação, a forma de saída de Portugal do Memorando. Será limpa, à Irlandesa. Mais valia ter ficado calado ou mandado uma nota para as redacções dos meios de comunicação. Toda a gente sabia que seria assim e não por escolha do governo. Portanto, toda aquela encenação era escusada.
Mas vive-se do show off… O mesmo show off que o Presidente do PSD, Passos Coelho, executou no aniversário do partido. Então aquele lamuriar sobre Francisco Sá carneiro foi de levar às lágrimas! O fundador do partido deve dar voltas na tumba com este PSD. Onde está a matriz social democrata neste governo ou nesta direcção do partido? Depois, aquela metáfora, ou comparação mesmo, do PSD (leia-se o PSD de Passos Coelho) com os marinheiros descobridores portugueses do séc XV é de bradar aos céus. Sei que falava para os seus correligionários mas, deveriam explicar-lhe a realidade. Essa mesma realidade que ele ajudou a pintar de negro e de amargura.
Quanto à realidade, fiquei perplexo quando, um documento da troika, dizia que Portugal tinha que ser mais dinâmico por causa do desemprego. Então não foram as politicas toikianas, mais o ir mais além do governo, que provocaram essa hecatombe do desemprego? É preciso ter lata! Alguém que lhes explique a realidade para além de uma folha excel. É que, quando a troika sair (a 17 de Maio), vai deixar uma taxa de emprego ao nível dos anos 80. Foi o mercado de trabalho a principal vitima da troika. E foi neste campo, também, em que o governo mais mexeu, quase banalizando o despedimento.
Pois, agora vem, novamente, a reforma do estado. Nada foi feito (mesmo que o primeiro-Ministro andasse a dizer que estavam em curso as reformas). A realidade continua a desmenti-lo. A verdade, é que aquilo que se apregoa para os lados do governo e da Comissão Europeia, não coincide com a realidade vivida pelos portugueses. E como era bom que a realidade fosse a mesma.
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«A Quinta Quina», opinião de Fernando Lopes
É pena que ainda haja portugueses que não enxergam as coisas como elas são na realidade! Ainda bem que há pessoas como tu, que ajudam a desmontar a propaganda oficial! Deo Gratias! Um grande abraço,
João Pereira.
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=24&did=147982 Se o Sr. Lopes clicar neste link, seria muito bom….para si e para os seus Discípulos…….
Enquanto não forçarmos uma revolução, leia-se mudança de regime, iremos continuar a ler e ouvir queixumes destes, muito certos e bem claros…E quantos de nós não fomos coniventes ao chegar desta situação em que vivemos, apesar de avisados e por vezes escarnecendo desses avisos?