Um manto de silêncio cobre o projecto Ofélia Club, miraculoso investimento em Malcata, em nome do qual a Câmara do Sabugal comprou e expropriou dezenas de hectares de terrenos e solicitou a alteração ao plano de ordenamento da Albufeira.
Em 2008 a Câmara Municipal anunciou um projecto bombástico: um grupo empresarial de nome «Existence » traria ao concelho o «Desenvolvimento Médico-Social & Habitacional Ofélia Club», um investimento de 45 milhões de euros que criaria 300 postos de trabalho. A capitanear o fabuloso grupo empresarial estava o intrépido sabugalense António Guilhermino Baltazar dos Reis, amante da terra e promotor do seu desenvolvimento.
Assinou-se um contrato em que o Município se comprometia a ceder 40 hectares de terrenos fronteiros à albufeira, e a isentar o projecto de taxas e licenças de construção, assim como de alvará de loteamento.
O edil sabugalense, embeiçado com o projecto e convencido de que tinha encontrado a galinha dos ovos de ouro, passeou-se de mão dada com o empresário por restaurantes, capeias, festas e arraiais. E não havia razões para menos: para além do investimento em Malcata, António Guilhermino ofereceu-se para construir uma aldeia medieval em Roque Amador, possibilitando ao embevecido autarca o cumprimento de um «sonho» revelado numa campanha eleitoral. A Câmara pagou cerca de 30 mil euros pelo levantamento topográfico para que o projecto do Parque Medieval avançasse com a mesma prioridade do Ofélia Club.
O tempo passou e tornou-se evidente o que toda a gente, excepto o extasiado edil, anteviu: os projectos não passavam de um conto do vigário para alguém enriquecer à custa do dinheiro público.
Tarda contudo uma explicação aos munícipes acerca do estado dos projectos Ofélia Club e Parque Medieval, assim como do que se pretende fazer ao maior latifúndio do concelho – os largos hectares de terrenos de que a Câmara se fez proprietária em Malcata.
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«Contraponto», opinião de Paulo Leitão Batista
Se a Câmara comprou terrenos para o tal “parque ofélia” que pelos vistos não passou do papel, menos mal. Apenas os municipes do Sabugal lhe podem e devem pedir contas pelo “investimento”.
Se a Câmara expropriou para aquele empreendimento e o mesmo não se realizou nem irá provavelmente realizar-se, então tem que devolver aos proprietários expropriados os terrenos que aquele fim se destinavam e por isso terão sido expropriados. Chama-se a isto o direito de reversão.
Quanto à ideia da aldeia medieval em roque amador, onde fui uma vez endireitar um braço, parece-me uma coisa perfeitamente dispensável. Quer umaaldeia medieval? já tem uma e por sinal bastante bonita: SORTELHA.
jfernandes