É livre querido(a) leitor(a)? Eu não!
A minha liberdade querido(a) leitor(a), é uma coisa abstracta já, sem dúvida, que escrevo aqui neste espaço e digo algumas diatribes (verdadeiras), sem dúvida que falo abertamente, que me reúno com pessoas e falo do momento político em Portugal, tenho liberdade de culto, voto livremente, mas na parte verdadeiramente decisiva, não tenho nenhuma influência, nem eu, nem o leitor(a), a não ser que seja ministro ou banqueiro!
Refiro-me à economia, às condições de trabalho, à política da distribuição da riqueza, às funções do Estado, e ainda em outros âmbitos. Liberdade quase absoluta há para os ricos e poderosos, para os outros, para os desempregados, para os que têm empregos precários e mal remunerados, para os que têm que emigrar, para os reformados com pensões miseráveis, a Liberdade já nem uma coisa abstracta é, são formas de condenação, de opressão e de repressão, embora o sistema diga que não, e fale a toda a hora em igualdade de oportunidades, pluralismo e liberdade.
Deixe-me dizer-lhe uma coisa querido leitor(a): a Liberdade, supremo bem do Homem, é instrumentalizada. Vejamos Portugal com o neoliberalismo de Cavaco Silva e Passos Coelho, hoje tão em voga, em nome da liberdade de comércio, está-se a gerar uma ditadura brutal. O «Mundo Livre» – Estados Unidos e Europa – com a sua superioridade militar, tecnológica e económica, invade outras nações do Globo para impor a sua vontade e roubar matérias primas, tudo em nome da liberdade, claro!
Voltando ao nosso País, muito provavelmente qualquer dia até poderá haver um referendo sobre adopções em casais homossexuais, ou um novo sobre o aborto, mas sobre economia, trabalho, desemprego, aposentações, nem pensar!
Algum português foi chamado a votar num qualquer referendo sobre a Constituição Europeia, Tratado de Lisboa? Algo tão importante para os portugueses! Que eu saiba, ninguém. José Sócrates, então primeiro-ministro disse o seguinte: «há uma ampla maioria em Portugal a favor do projecto europeu.» Uma ampla maioria parlamentar, a mesma que assinou os acordos com a Troika. Mais uma vez José Sócrates: «Um referendo em Portugal teria implicações negativas em outros Estados membros, pondo em causa os seus processos de ratificação por via parlamentar.» Sem dúvida, mas aqui recebeu ameaças da União Europeia.
E a liberdade que tivemos em votar nestes actuais governantes que nos ludibriaram descaradamente? Uma Liberdade que só sirva para fomentar injustiças perde a sua legitimidade moral que diz possuir.
Querido(a) leitor(a), renunciar à Liberdade é renunciar à qualidade de Homem.
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«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2008)
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