Ao divulgarmos, levamos o Casteleiro mais longe. E isso é uma mais-valia para a nossa terra. Cada pessoa vê a aldeia a seu modo. Cada um valoriza mais este ou aquele ingrediente da nossa vida colectiva. As poucas pessoas que escrevem para ser lidas também têm, cada qual, os seus pontos de apoio e os seus temas preferidos. É assim a vida local numa aldeia desertificada, como todas as da nossa zona… Se não errei a contagem, esta é a minha crónica nº 167 no «Capeia», todas dedicadas ao Casteleiro. Em algumas delas fiz algumas incursões «históricas», que muito me agradam. Tenho promovido a minha terra. Mas outras pessoas o têm feito, sobretudo no blogue da minha Freguesia. Hoje decidi dar espaço nesta tribuna a alguns desses trabalhos.De caminho, sugiro que visite a edição n.º 34 do «Serra d’Opa».


Iniciei em 12 de Janeiro de 2011 esta caminhada de promoção (no ‘Capeia’) das pessoas, das situações e dos costumes da minha aldeia. Há um pouco mais de três anos. Fi-lo a pedido e fui muito incentivado por muita gente nestas mais de 160 semanas! Isso, que é a única coisa que desejava, tem-me dado muita paz e muita tranquilidade: a certeza de um trabalho sério, necessário, útil e bem feito. Digo-o sem vaidade: apenas de forma realista. Aqui e ali, um ou outro tropeção (mais propriamente: apenas um) – mas sem problemas de maior.
O que ficou publicado fala por si (mais de 400 páginas A4, ou cerca de 600 se lhe acrescentar os anexos). E as «audiências» provam que era preciso falar do Casteleiro.
A ressonância que temos tido é a prova disso quase todas as semanas presentes no top dos 5 mais lidos do «Capeia».
Toda a Raia «pensante» nos lê e nos visita. E isso não tem preço, meus amigos.
Por isso, e apenas por curiosidade, porque nenhum de vocês vai abrir este «link», deixo aí a ligação aos 167 artigos de uma vez só. Entre à vontade, a casa é sua. Nós, no Casteleiro, temos sempre a porta aberta. Siga por… (Aqui.)
Hoje, ao passar esta meta dos 167, entrego 90% deste espaço a terceiros: vou citá-los a eles, os que têm escrito coisas de que gosto sobre a história e a sociologia da minha aldeia… e vou incitá-lo a si, caro leitor, a mergulhar nessas outras páginas, que completam estas.
Não refiro aqui, porque seria repetitivo, os artigos e textos publicados no «Capeia» e que o leitor já conhece certamente. Como selecção que é e que tive de fazer, falharei matérias essenciais – mas como também vou pôr à sua disposição os «links» globais, não fico nada preocupado. Chamo a atenção desde já para o facto de citar apenas uns respigos: fica muita coisa de fora – e ainda bem: é bom sinal.

As instituições da aldeia
Começo então por onde devo começar: as instituições – a Autarquia, o Lar e o Centro Cultural – e sempre com uma referência elogiosa às equipas de pessoas que as fazem funcionar.

Uma referência breve a cada uma delas:
1) A Freguesia e os seus dois órgãos (Junta e Assembleia) estão de boa saúde e recomendam-se. Nas eleições recentes prometeram uma Sede nova, depois de terem inaugurado o novo espaço, o Largo do Emigrante. Hoje, estão já a preparar o Verão com a prevenção de incêndios. Veja… (Aqui.)
Permita-se-me uma referência a Vitorino Fortuna, membro da Junta e justamente escolhido como Personalidade do Ano da aldeia em 2013.
2) O Lar é o hotel da aldeia para a juventude sénior do Casteleiro. Os seus mentores e dirigentes fazem um trabalho inigualável. Saúde, bem-estar, convívio: são os tons desta bonita melodia a que chamamos Lar de São Salvador. Um exemplo… (Aqui.)
3) O Centro de Animação Cultural do Casteleiro (CACC) ajuda a animar a aldeia, na medida do possível, alguns dias por ano. Por exemplo no magusto, referido… (Aqui.)

Divulgar o presente e o passado
Divulgar o nosso presente e o passado, estabelecendo as relações e conexões ou simplesmente manter e activar sinapses são actos essenciais de cultura e de amor à terra natal.
É isso que em parte fazemos quando estamos a promover aspectos parcelares de uma realidade complexa como sejam os modos de falar, as tarefas agrícolas, as fainas, os relacionamentos.
Quanto às matérias que desejo aqui salientar, é obrigatório começar pela referência a uma pessoa marcante: «… Joaquim Mendes Guerra é (…) a personalidade mais fascinante do Casteleiro do século XX. A sua vida, personalidade, acção e obra extravasou as fronteiras da nossa terra, do concelho e da região.» Isto escreveu António Marques… (Aqui.)
Destaco um cargo também notório em época recuada: o de regedor, referido por Joaquim Gouveia, assim: «(…) o Regedor, era um subordinado do Presidente da Câmara, ao serviço do Estado (…)»… (Aqui.)
Mas há também uma área mais sociológica e do domínio da economia explorada por estes dois divulgadores.
Trago apenas uma referência, por exiguidade de espaço disponível: o fabrico de sabão à moda antiga: «Longe vai o tempo em que o sabão era feito em casa, à medida da necessidade mas, sobretudo, de acordo com a matéria-prima existente, ou seja das borras que se depositavam nos potes do azeite que alimentava com muito rigor, as bocas da casa e a candeia que servia de companhia nas noites longas de inverno.» Ver… (Aqui.)

Um pouco de História, mesmo
Finalmente, alguma investigação histórica digna de registo.
António Marques tem tratado documentos que cuja existência em Arquivos nacionais e em Londres descobriu e está a divulgá-los passo a passo. Um dos temas que divulgou recentemente tem a ver com uma fraude ligada à exploração de ouro na minha terra no início do século XVIII: «Durante 3 ou 4 meses ter um embusteiro que se nomeava José Bernardo o qual trazia enganado aquele povo e de alguns lugares vizinhos prometendo-lhes descobrir naquele sitio um tesouro de treze arrobas e meia de ouro em contas preciosas. Durante aquele tempo fez trabalhar aquela simples gente de dia e de noite.» Ver… (Aqui.)
Escolho também o caso da mulher acusada de bruxaria: « Em 1716, o Casteleiro teria uma população muito próxima da actual. (…) O luxo e a opulência rivalizavam com as dificuldades do povo com inúmeros impostos para pagar. A Inquisição estava no seu auge (…). No Casteleiro rural, uma mulher de 70 anos era acusada de bruxaria (…)» Ler mais… (Aqui.)
O dia-a-dia condicionado
Joaquim Gouveia insiste e bem na descoberta de ligações entre a Ditadura e a repressão dos actos da vida diária.
Pagar para andar de bicicleta, por exemplo: «“Licença de Trânsito” que permitia a livre circulação da bicicleta nas ruas e estradas das nossas aldeias e vilas. Também, esta, uma receita camarária, que juntamente com outras constituíam parte do magro orçamento destas parcelas do território português»… (Aqui.)
Pagar para ter isqueiro e usá-lo: «A licença do isqueiro foi um dos símbolos das absurdas taxas aplicadas ao cidadão pelo regime de Salazar. Os portadores dos isqueiros eram obrigados, no início de cada ano civil, a deslocarem-se às finanças para tirar a respectiva licença de porte e uso, medida essa que, levava aos cofres do Estado muitos milhares de escudos, usurpados aos magros bolsos de muitos portugueses»… (Aqui.)
Mas também há registo de poderes, habilidades e especificidades da vida aldeã. Por todas, escolho a referência aos vedores: «O homem pega num raminho, usualmente de salgueiro, tira-lhe as folhas até ficar uma simples varinha, segura-o de determinada maneira, e começa a andar pelo terreno fora.»… (Aqui.)
Notas
1. Para aceder aos textos de António Marques, entre… (Aqui.)
2. Para entrar no global dos textos de Joaquim Gouveia, clique… (Aqui.)
3. Pode aceder ao «Serra d’ Opa» n.º 34, seguindo por… (Aqui.)
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«A Minha Aldeia», crónica de José Carlos Mendes
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Abril de 2012.)
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