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Página Principal  /  Abitureira • Cultura • D. Dinis e Rainha Santa Isabel • História • Odivelas • Por Terras de D. Dinis  /  O túmulo do Rei D. Dinis
09 Março 2014

O túmulo do Rei D. Dinis

Por Maria Máxima Vaz
Maria Máxima Vaz
Abitureira, Cultura, D. Dinis e Rainha Santa Isabel, História, Odivelas, Por Terras de D. Dinis bispo tolosa, d. dinis, maria máxima vaz, são luís Deixar Comentário

D. Dinis mandou fazer o seu próprio túmulo, deixou dito no testamento o edifício onde queria que o colocassem e indicou até o lugar na igreja. Foi o primeiro sarcófago a ser depositado dentro de um lugar sagrado e o primeiro a ter a estátua jacente de um rei. Os dois primeiros reis estão em Santa Cruz de Coimbra e com D. Afonso II o Panteão Real passou a ser o Mosteiro de Alcobaça. D. Dinis escolheu a igreja do Mosteiro de São Dinis em Odivelas, onde ainda se encontra, podendo ser visitado.

Túmulo de D. Dinis no Mosteiro de São Dinis em Odivelas - Maria Máxima Vaz - Capeia Arraiana
Túmulo de D. Dinis no Mosteiro de São Dinis em Odivelas
Pormenor do urso na base do Túmulo de D. Dinis no Mosteiro de São Dinis em Odivelas - Maria Máxima Vaz - Capeia Arraiana
Pormenor do urso na base do Túmulo de D. Dinis no Mosteiro de São Dinis em Odivelas

Pormenor do urso na base do Túmulo de D. Dinis no Mosteiro de São Dinis em Odivelas

«Primeiramente dou a minha alma a Deus & a Santa Maria sá Madre, & mando soterrar meu corpo no meu Moesteiro de S. Diniz de Odivellas antre o coro, & a oucia maior hu eu mandei fazer sepultura para mim. O qual Moesteiro eu fundei, & fiz, & dotei (…). Item tenho por bem & mando, que os meus testamenteiros, fação fazer no meu Moesteiro de Odivellas huma capella à honra de S. Luís em que sé o seu orago, e ponhão hi dous capellaens que cantem em esta Capella pera sempre à honra do dito Santo pella minha alma. E pera se fazer a dita Capella, e se comprarem herdades per que se mantenhão os ditos capelaens, & outro si pera vestimentas, & ornamentos pera a dita Capella mando seis mil libras, e quero que a dita compra nom seja embargada pella postura dos meus Reynos per que os Moesteiros, nem Ordens nam possam comprar segundo dito he, e se alguma cousa sobejar das rendas dessas herdades que pera esto comprarem, metase em mantimento dos outros meus Capellaens que eu leixo no dito Moesteiro.»

Como ficou dito na crónica anterior, o sarcófago que guardava os restos mortais deste Rei, foi muito danificado com a queda da abóbada da igreja do mosteiro de Odivelas, quando foi do sismo de 1755.

Os vários autores que viram o túmulo antes, consideram-no uma sepultura sumptuosa.

A arca tumular mede 2,93m de comprimento por 1,44m de largura, afirma Borges de Figueiredo.

Cordeiro de Sousa dá-nos medidas ligeiramente diferentes: 2,80×1,30×1,20. Há ainda mais dois autores que apresentam medidas com ligeiras diferenças.

Tinha à cabeceira uma estátua de São Luís e assenta sobre três pares de pedestais, sendo todos diferentes: num vemos um homem caído e um urso sobre ele, querendo representar a cena do urso que derrubou o rei do cavalo; os outros suportes representam um leão, um urso, um dragão, mais outro leão que subjuga um homem e ainda um dromedário levado pela rédea pelo seu condutor. Nas faces do sarcófago ainda podemos ver, apesar de muito danificados, baixos relevos. Em cada uma das faces quatro edículas trilobadas sobre as quais se elevam gabletes e em cada uma um par de figuras, representando as da direita monges de Cister e as da face esquerda freiras da mesma Ordem.

Pormenor do urso na base do Túmulo de D. Dinis no Mosteiro de São Dinis em Odivelas - Maria Máxima Vaz - Capeia Arraiana
Túmulo de D. Dinis no Mosteiro de São Dinis em Odivelas

Na cabeceira duas edículas com cenas diferentes: numa delas vemos uma figura coroada, de joelhos, em frente de um altar e um homem de pé, lendo um livro. Na outra edícula, não se distingue a cena que existiu.

Na face fundeira, em cada edícula existiam duas figuras de freiras.
Na tampa temos a estátua jacente do Rei, muito danificado e cuja reconstituição não corresponde à inicial, que foi destruída pela queda da abóbada.

São ainda visíveis vestígios de pintura que terá coberto todo o túmulo.

Estava cercado de grades altas de ferro terminando em escudetes nas pontas dos balaústres com as armas de Portugal, e cruzes da Ordem de Cristo. Um dossel cobria-o em toda a sua dimensão.

Como a maior parte dos leitores não terá ainda conhecimento da história do urso, parece-me oportuno contar-vo-la.

Conta-se que andando o rei D. Dinis à caça num sítio chamado Belmonte, da freguesia de São Pedro de Pomares, distrito de Beja, se perdeu dos companheiros. Ao passar por uma fraga, saltou sobre ele um enorme urso que o derrubou do cavalo e lançando-o por terra de costas, estava sobre ele prestes a tirar-lhe a vida. Na sua aflição, D. Dinis pediu a São Luís, bispo de Tolosa, ainda vivo, que o salvasse daquele perigo e prometeu construir um mosteiro para a Ordem de Cister, na sua quinta de Vale de Flores em Odivelas, se saísse dali com vida.

O Santo apareceu-lhe e encorajou-o a puxar do punhal que trazia à cintura e a matar a fera. Cheio de ânimo, o monarca assim fez, livrando-se da morte.

Cumprindo a sua promessa, no dia 27 de Fevereiro de 1295, veio com o Bispo de Lisboa, a Rainha e toda a Corte lançar a primeira pedra, estando também presente o Abade de Alcobaça.

Este milagre está representado num dos pedestais da arca tumular, executada em vida do Rei.

Há outro milagre mas a história desse milagre anda deturpada pela transmissão oral, mas também pela escrita.

Consultando os Arquivos de uma Instituição Nacional, estava igualmente deturpada.

O cronista diz: «Livre o Rei do urso ficou com grande devoção a São Luís, a quem mandara fazer uma capela no Mosteiro de São Francisco de Beja, aonde obra grandes maravilhas. Outro favor recebeu ElRei do mesmo Santo na própria cidade de Beja, no exercício da caça de volataria, ressuscitando-lhe um falcão que ElRei estimava muito, por ser o principal instrumento de seu alívio.»

A deturpação consiste em afirmarem que a construção da capela em Beja foi em agradecimento ao milagre do urso, quando o que o cronista diz é que foi em resultado do milagre do falcão.

Parece-me que precisamos de saber quem era São Luís, bispo de Tolosa. Já disse que era primo do nosso rei e que fazia milagres ainda em vida. Mas donde lhe vinha o parentesco?

O rei D. Afonso II casou com uma Infanta Castelhana: D. Urraca. Era irmã de Branca de Castela, já Rainha de França. Esta Rainha D. Branca foi a Mãe do Rei São Luís de França e do Rei Carlos I da Sicília, pai do bispo São Luís. Estes dois reis eram primos em primeiro grau pelo lado materno, do nosso rei D. Afonso III. Os filhos deles eram primos em segundo grau, pelo que São Luís e D. Dinis eram primos em 2.º grau.

Há quem confunda Tolosa com Toulouse, mas são cidades diferentes. Tolosa era uma cidade no País Basco e não em França.

Isto é o que os documentos nos dizem, assim como os cronistas e sem eles não se faz História.

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«Por Terras de D. Dinis», crónica de Maria Máxima Vaz

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