:: :: MUXAGATA :: :: – Ao conceder forais a determinadas aldeias, as ordens militares ou o Rei reconheciam a sua importância para a defesa ou consolidação do território nacional. Foi o caso de Muxagata, que no século XIII recebeu foral atribuído pela Ordem dos Templários.
A Muxagata é uma freguesia do concelho de Vila Nova de Foz Côa, situada na margem esquerda do rio Côa com que confina, sendo atravessada pela Ribeira de Piscos, antes da sua entrada no Rio Côa. Em termos viários é atravessada pelo IP2.
A Muxagata, já foi sede de um concelho medieval, criado certamente pela Ordem dos Templários que era proprietária deste território. Esta afirmação é sustentada pelo facto de, quando a Ordem dos Templários foi extinta e os seus bens integrdos na Ordem de Cristo, se fazer referência a este concelho nesse documento de extinção publicado por D. Dinis.
Este concelho teve o seu primeiro foral dado pela Ordem dos Templários embora se não conheça exactamente a data. Sabe-se que durante largos anos este concelho se encontrava sujeito ao termo do concelho de Longroiva (que hoje pertence ao concelho da Mêda) embora com alguma autonomia.
Em 20 de Dezembro de 1519 D. Manuel I atribui-lhe novo foral como aconteceu à generalidade dos concelhos. É nesse foral que se refere ter sido criado pela Ordem de Cristo, sucessora da Ordem do Templo.
O concelho é extinto em 1836 e o seu território é integrado no municipio de Vila Nova de Foz Côa que, até 1854 apenas é composto pelas freguesias da Muxagata e Vila Nova de Foz Côa.
Os diferentes concelhos medievais que foram criados no actual território de Vila Nova de Foz Côa, principalmente os situados na zona mais a este não tiveram na sua origem preocupações de consolidação de fronteiras ou mesmo defensivas como aconteceu principalmente nos outros três concelhos de Riba Côa (Almeida, Sabugal e Castelo Rodrigo). No caso do actual território de Vila Nova de Foz Côa, essa preocupação apenas se verificou no caso de Almendra e Castelo Melhor.
Tudo indica que os diferentes concelhos que foram sendo formados o foram num contexto feudal e de gestão de interesses locais associados a determinados senhores. Outros, como por exemplo Freixo de Numão e mesmo Vila Nova de Foz Côa foram criados em face do desenvolvimento que as respectivas localidades foram tendo.
O concelho da Muxagata abrangia apenas o território da actual freguesia.
O brasão do concelho da Muxagata, reflete a origem da criação do concelho, pois inclui a Cruz de Cristo. É um brasão de concelho pois tem quatro torres de prata a encimá-lo.
O pelourinho da Muxagata, terá sido construído pouco tempo depois de ter sido concedido o foral manuelino a esta localidade em 20 de Dezembro de 1519. Este Pelourinho é imóvel de interesse público e tem descrição pormenorizada. (Aqui.) Este pelourinho constava já do inventário elaborado pela Academia Nacional de Belas Artes em 1935 (Aqui.)
O território do antigo concelho da Muxagata não é muito declivoso, como de resto não o é o das zonas confinantes com o Douro do lado Sul. A zona é banhada pela Ribeira de Piscos que confere aquela região um verde intenso principalmente na proximidade dos cursos de água.
A Muxagata não possui qualquer castelo ou fortificação de natureza militar mas apesar disso foi uma referência durante a época medieval o que conduziu à criação do concelho.
A igreja matriz da Muxagata, com a sua torre sineira incorporada, constitui uma referência nesta zona. A torre possui 3 sinos o que não é vulgar nas igrejas de povoações de dimensão mais reduzida.
Muxagata é hoje uma freguesia do concelho de Vila Nova de Foz Côa e com a reforma administrativa de 2013. (Aqui.)
Manteve o território que possuia, não tendo por isso sofrido qualquer alteração.
Esta freguesia não possuindo qualquer fortificação de natureza defensiva, talvez pelo pouco acidentado do seu território, nem por isso deixou de ser um importante local na época da reconquista e seguintes. É que os guerreiros precisavam de ser alimentados e por isso nem todos os locais tinham que ter castelo. Visitemos a Muxagata que certamente voltaremos em breve.
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«Do Côa ao Noémi», crónica de José Fernandes (Pailobo)
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