«Território de presença mas também de abandono» foram as palavras com que o Presidente da Câmara do Sabugal, António Robalo, encetou a sua abordagem na receção feita à Embaixadora de Israel, Tzipora Rimon, na Câmara Municipal do Sabugal, no passado dia 3 de Fevereiro. A presença da Embaixadora de Israel mostra que o Sabugal é um dos concelhos com muitas referências judaicas e pode ser considerado um dos marcos da importância do Judaísmo em Portugal.
O presidente da Câmara Municipal do Sabugal, António Robalo, também na qualidade de vogal da direção da Rede das Judiarias, falou do seu concelho como terreno de passagem, de presença e abandono mas, apesar disso «a esperança que se diz ser de origem judaica», acrescentou que «não pode esmorecer e impera que sejam defendidos no Concelho do Sabugal os valores universais que o tornam rico na sua História».
A senhora Embaixadora Tzipora diz-nos então: «Estou a aprender e a conhecer esta região com grande presença judaica. Só com estudo e reflexão melhor compreendemos a nossa história.»
Também quis partilhar com os presentes o que é Israel hoje e falou de Economia, muito estável por sinal, referindo também a importância, entre outras, da alta tecnologia, medicina e investigação
Revelou todo o interesse em ampliar os laços entre Israel e Portugal e, com um sorriso, convidou os presentes a irem a Israel.
Jorge Patrão, como secretário-geral da Rede de Judiarias de Portugal, falou do papel importante da Rede de Judiarias e lembrou, entre outros aspetos, o papel dos judeus no crescimento mercantil. Referiu que 60 por cento dos produtos mundiais são de produção em Israel. «Realidade que nos orgulha», dizia, «pelo que se deve fomentar o intercâmbio, até porque Portugal é também um país de diáspora».
O professor Jorge Martins fez a sua intervenção com alguns apontamentos históricos ligados ao Judaísmo e referiu várias datas das quais destacamos 1316 de documentos que certificam como o Sabugal está ligado à história judaica. Mas acrescentava que «se a história não se faz de certezas, estudar, investigar torna-se estimulante».
O Historiador fez alusão aos cruciformes que surgem em grande número no Sabugal, bem como aos armários de oração, onde eram guardados os Livros Sagrados, referindo-se à Casa do Castelo. Foi para lá que seguiu a senhora Embaixadora, recebida pela proprietária Natália Bispo que mostrou o referido armário embora deslocado do seu lugar original. Acrescentou ainda Natália Bispo como ele estava escurecido na parte superior, pelo que levou à conclusão de estarem aí as velas acesas desde 6ª feira à noite, até terminarem as orações do sábado.
Muito mais foi referido e que deveras interessou, pela certeza de que, as Comunidades Judaicas também ajudaram a construir a história do concelho do Sabugal.
Concluímos este apontamento, referindo a frase lembrada pelo historiador José Martins, nas abordagens que fez e de retalhos que nos trouxe muito interessantes das vivências dessa épocas, em que o Judaísmo viveu e marcou o Sabugal, o seu concelho e as suas gentes: «Pão e vinho veio/Na Lei de Moisés creio.»
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«O Cheiro das Palavras», poesia de Teresa Duarte Reis
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