A embaixadora de Israel, Tzipora Rimon, vai visitar a identidade do povo judeu em seis municípios da região da Serra da Estrela – Sabugal, Guarda, Belmonte, Manteigas, Trancoso e Covilhã – num programa organizado pela Rede de Judiarias de Portugal. No concelho do Sabugal irá conhecer o Aron Há Kodesh da Casa do Castelo e a Sinagoga de Vilar Maior.

A Casa do Castelo do Sabugal possui um dos mais bem conservados Aron Há Kodesh (Ekhal em linguagem sefardita) conhecidos a nível nacional e internacional. O Aron Há Kodesh (ou Arca Sagrada) é um receptáculo em pedra utilizado nas sinagogas para guardar os Sifrei Torá (rolos copiados à mão) da mais sagrada obra do judaismo – a Torá. O Aron Há Kodesh permitia, após o desaparecimento das sinagogas em 1496, a oração discreta (e secreta) a Deus seguindo a orientação judaica.
Estão sinalizados dois Aron Há Kodesh no Sabugal. Um numa casa junto à muralha e o que está em lugar de destaque na Casa do Castelo do Sabugal e foi preservado graças à sensibilidade e tenacidade do casal Natália e Romeu Bispo.
A investigação publicada em livro do prof. Jorge Martins, especialista em temas judaicos, «descobriu» 143 processos da Inquisição no território do Sabugal. Em Vilar Maior a judiaria correspondia à zona mais elevada da povoação, junto à Sinagoga com um Ekhal e com entrada diferenciada para homens e mulheres. Em Vila do Touro algumas casas da Rua Direita e da Rua D. Pedro Alvito possuem janelas manuelinas e portas biseladas cruciformes.
Programa da visita de Tzipora Rimon, embaixadora de Israel
Dia 3 de Fevereiro
– Recepção na Câmara Municipal do Sabugal com breve conferência do Prof. Jorge Martins seguida de visita ao Ekhal (Aron Há Kodesh) da Casa do Castelo e à Sinagoga de Vilar Maior.
– Recepção na Câmara Municipal da Guarda. Visita à Judiaria e apresentação do livro «Gente da Nação» (Judeus de Aquém e Além Côa) pelos profs. Adriano Vasco Rodrigues e Maria da Assunção Carqueja.
Dia 4 de Fevereiro
– Recepção na Câmara Municipal de Belmonte. Visita ao Museu Judaico (Centro de Estudos Judaicos), à Sinagoga Bet Eliahu, ao cemitério judaico e ao Museu do Descobrimento. Apresentação do investimento – Hotel Henriques – de empresário membro da comunidade judaica de Belmonte.
– Visita ao Centro de Interpretação do Vale Glaciar do Zêzere.
– Recepção na Câmara Municipal de Manteigas. Apresentação do Projecto Valorização Identidade Judaica de Manteiga pelo prof. Jorge Martins.
Dia 5 de Fevereiro
– Recepção na Câmara Municipal de Trancoso. Visita à Judiaria e ao Centro Isaac Cardoso.
– Visita ao Parkurbis – Parque de Ciência e Tecnologia da Covilhã e meeting com jovens empresários.
– Visita à Reitoria da Universidade da Beira Interior e mesa redonda com estudantes de Ciências Política.
– Recepção na Câmara Municipal da Covilhã. Apresentação do livro «A Comunidade Judaica da Covilhã – Inquisição e Descobertas» pela prof.ª Antonieta Garcia.
Sabugal é vogal da Direcção da Rede de Judiarias de Portugal
A Direcção da Rede de Judiarias de Portugal tem como Secretário-Geral, Jorge Patrão. Os órgãos sociais têm a seguinte constituição:
Mesa da Assembleia Geral – presidente, Município de Tomar; vice-presidente, Município de Lisboa; e secretário, Comunidade Judaica de Belmonte.
Direcção – presidente, Município de Belmonte; vice-presidente, Município de Castelo de Vide; vice-Presidente, Município de Torres Vedras; vogais, Município de Alenquer e Município do Sabugal.
Conselho Fiscal – presidente, Município de Leiria; vice-presidente, Município de Lamego; vogal, Município de Évora.
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A visita da embaixadora de Israel a seis concelhos da Beira Alta e da Beira Baixa vai ser retribuída com a deslocação de uma delegação dos municípios visitados a Jerusalém. O Capeia Arraiana está em condições de adiantar que o Município do Sabugal deverá ser representado pelo vereador Vítor Proença.
jcl (com Rede de Judiarias de Portugal)
Há aqui qualquer coisa que me escapa.
Rosa Gomes escreve aí em cima:
«É pena que a Câmara Municipal do Sabugal não possa estar representada ao mais alto nível na visita da Embaixadora de Israel.»
«Não pode» – como?
De quem foi a iniciativa da visita?
Alguém me explica por que não pode?
Um dia vou escrever sobre protocolo, actos oficiais, actos particulares e delicadeza.
Eu já dirigi serviços oficiais de protocolo.
Em situações deste género, há tradições em Portugal – e agradam e são elogiadas em muitos países.
e de facto muito importante termos essa visita que poderà também incentivar a abertura do museo virtual de Vilar Formoso e lembrar o Justo Aristides de Sousa Mendes.
Bem haja à Natália Bispo pelo abnegado trabalho em prol da divulgação do Sabugal, quer pelo amor à sua terra (e do vencedor do Prémio Camões, o recentemente desaparecido Manuel Pina) quer pelo mais amplo desígnio de desenvolvimento e divulgação do interior do país.
É pena que a Câmara Municipal do Sabugal não possa estar representada ao mais alto nível na visita da Embaixadora de Israel.
Bem haja ao Povo de Israel no constante e total respeito pela sua Cultura, e que, por consequência, tanto está a ajudar à divulgação da Cultura portuguesa e à afirmação da nossa identidade e Soberania. Não esqueçamos o que a História nos ensina sobre o perigo “da terra que não é pisada e das águas que não navegadas” deixarem de ser nossas, tendência que o Senhor Professor Adriano Moreira tanto insiste que invertamos no que se refere à desertificação do interior do país.
Bem haja aos promotores da visita da Embaixadora de Israel que vai, certamente, dar mais alento, internacional, à promoção das Beiras.
Rosa Gomes